Recebe o mínimo? Teria de trabalhar 19 anos para ganhar o mesmo que um rico
Os brasileiros mais ricos (aqueles que estão entre os 0,1% com mais dinheiro) recebem, em média, R$ 190 mil por mês. Uma pessoa que ganha um salário mínimo levaria 18,5 anos trabalhando para ganhar a mesma coisa.
Essa é uma das conclusões do estudo "A Distância Que Nos Une", lançado nesta segunda-feira (25) pela Oxfam Brasil, ONG que combate a desigualdade. Para os cálculos, foram usados dados de 2015, quando o salário mínimo no Brasil era de R$ 788. Os dados de renda são da Receita Federal, de acordo com a Oxfam.
O estudo ainda cita um dado divulgado pela própria ONG em relatório de janeiro: os seis homens mais ricos do Brasil concentram a mesma riqueza que toda a metade mais pobre da população do país, mais de 100 milhões de pessoas.
Os 5% mais ricos recebem o mesmo que os demais 95%, juntos, de acordo com a análise.
- Por que ricos americanos compram papel higiênico mais barato que pobres
- Conheça os mimos que os bancos oferecem aos milionários
- Investir em crianças rende mais que a Bolsa, diz economista
Situação melhorou, mas ritmo é lento
A Oxfam ressalta que o Brasil teve avanços sociais nas últimas décadas. Entre 1988 e 2015, caiu de 37% para 10% a parcela da população abaixo da linha da pobreza. Ela ainda aponta que 28 milhões de pessoas saíram da pobreza nos últimos 15 anos.
O estudo destaca alguns fatores que contribuíram para isso, como a estabilização da economia na década de 1990, a política de valorização de salário mínimo nos anos 2000 e " uma série de políticas sociais que tiveram de mais simbólico a retirada do país do mapa da fome da ONU, em 2015".
Por outro lado, "a grande concentração de renda no topo se manteve estável", afirma a ONG.
Concentração de renda ainda é grande
Segundo o estudo, o aumento da renda dos mais pobres não foi suficiente para diminuir a distância para os mais ricos. "O Brasil permanece um dos piores países do mundo em matéria de desigualdade de renda e abriga mais de 16 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza."
Essa também foi a conclusão de um recente estudo elaborado pelo World Wealth and Income Database, instituto de pesquisa codirigido pelo economista Thomas Piketty, conhecido por suas análises sobre desigualdade com a obra "O Capital no Século 21".
Uma das conclusões desse outro estudo é que a desigualdade de renda no Brasil não caiu entre 2001 e 2015 e permanece em níveis "chocantes".
A Oxfam calcula que, se continuar no ritmo atual, o Brasil levará 35 anos para alcançar o nível de desigualdade atual do Uruguai. Para chegar ao patamar do Reino Unido, demoraria 75 anos.
Negros e mulheres
A ONG destaca, também, que a desigualdade de renda entre homens e mulheres caiu nas últimas décadas, mas que ainda há uma "inaceitável diferença". A renda média do homem brasileiro era de R$ 1.508 em 2015, enquanto a das mulheres era de R$ 938.
No ritmo em que essa diferença vem caindo nos últimos 20 anos, a Oxfam calcula que só existirá igualdade entre homens e mulheres em 2047.
A desigualdade entre brancos e negros é"ainda mais grave", de acordo com a ONG.
Brancos ganhavam, em média, R$ 1.589, em 2015. Isso é o dobro do que ganhavam negros, que recebiam R$ 898 por mês.
Projetando para o futuro, seguindo o ritmo das últimas duas décadas, a igualdade entre as rendas só chegará em 2089.
Calculadora da desigualdade
No ano passado, a Oxfam lançou a "Calculadora da Desigualdade", um site para mostrar onde a renda do usuário se encontra, em comparação com a média da população brasileira e de outros países.
Naquela época, a ONG fez cálculos parecidos com o estudo atual, mas apontando que uma pessoa que recebe um salário mínimo demoraria 43 anos para juntar o mesmo que um super-rico ganha em um mês.
A diferença nos números, porém, é por causa da metodologia, de acordo com a Oxfam.
Ela afirma que os cálculos, na época, levavam em conta o 0,002% dos brasileiros mais ricos, ou 4.225 multimilionários que recebiam R$ 456.474 por mês, em média.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.