Sem dinheiro para pagar a faculdade? Veja opções no Fies e fora dele
Passou no vestibular ou já está na faculdade e ficou sem dinheiro para pagar as mensalidades? Esse é um problema comum. Alguns cursos particulares custam mais de R$ 5.000 por mês. Mas existem saídas para você não ficar sem estudar.
Uma opção é financiar: faz um empréstimo e paga depois que terminar o curso.
- O Fies (financiamento estudantil do governo federal) é o mais barato, mas foram criadas novas regras para este ano, e pode ficar mais difícil.
- Os bancos fazem financiamentos particulares, mas é preciso cuidado com os juros, que podem chegar a 26% ao ano.
- Algumas universidades também financiam, com juros menores que os dos bancos (pode ser até sem juros).
Leia ao longo desta reportagem todas as opções para financiar sua faculdade: Fies, bancos e as próprias universidades.
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Entenda como fazer financiamento no novo Fies
Para ter direito ao Fies é necessário o seguinte:
- Ter realizado a prova do Enem a partir de 2010.
- Tirado nota mínima de 450 pontos e obtido nota superior a zero na redação.
- Passar por uma seleção virtual no site http://fiesselecao.mec.gov.br/ (a página ainda é de 2017 porque o governo não definiu o calendário, mas será esse endereço quando houver novidades).
Além disso, houve três grandes mudanças neste ano:
1) O estudante não terá mais o prazo de carência de 18 meses após a conclusão do curso para iniciar o pagamento das prestações
2) As prestações serão descontadas diretamente do salário do estudante, assim que ele se formar e começar a trabalhar. O valor da prestação será de até 30% do salário, e o prazo de pagamento poderá chegar a 14 anos
3) Haverá três tipos de financiamento:
- Fies 1
Para estudantes com renda familiar de até três salários mínimos e residentes em qualquer lugar do país. A taxa de juros do novo financiamento será zero. Nos contratos do Fies feitos em 2017, a taxa era de 6,5% ao ano. Há 100 mil vagas.
- Fies 2
Para alunos com renda familiar de até cinco salários mínimos e que morem nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste. A taxa de juros deverá ficar em torno de 3% ao ano. Tem 150 mil vagas.
- Fies 3
Para estudantes de até cinco salários mínimos, residentes em qualquer lugar do país. São 60 mil vagas.
Não há uma taxa de juros definida para o Fies 3, mas segundo o UOL Economia apurou, ela deverá ficar próxima da taxa cobrada pelos bancos privados em suas atuais linhas de crédito estudantil. Ou seja, pode variar de zero a quase 2% ao mês (26,8% ao ano).
Para quem já tem o Fies nada muda
As mudanças anunciadas pelo governo no fim do ano passado valem apenas para os novos contratos. O estudante que já tinha o Fies deverá apenas fazer o aditamento do contrato, seguindo as regras antigas.
Esse aditamento será feito no site http://sisfiesaluno.mec.gov.br/seguranca/principal, mas a página está com dados de 2017 porque o governo não divulgou o calendário para este ano ainda. Quando houver novidade, estará nessa página mesmo.
Veja como funciona o financiamento estudantil nos bancos
Quem não pode usar o Fies, tem a opção dos bancos. Duas grandes instituições praticamente dominam o mercado de crédito universitário no Brasil: o Pravaler, da Ideal Invest, gestora de crédito que tem o Itaú entre seus acionistas, e o Bradesco.
Os juros médios no Pravaler são de 1,35% ao mês (17,5% ao ano), mas algumas faculdades subsidiam parcial ou totalmente seus alunos, o que pode reduzir a taxa para zero. No Bradesco também pode ir de zero a 1,69% ao mês.
O Santander ingressou neste ano no segmento. Por enquanto, está oferecendo financiamento apenas para cursos de medicina e de pós-graduação. “Estamos em processo de aprendizado desse mercado”, diz Ronaldo Rondinelli, diretor do Santander Universidades.
As opções de crédito estudantil privado são bastante parecidas. Na prática, o aluno paga apenas metade da mensalidade todo mês. A despesa de um semestre é diluída ao longo de um ano.
Por exemplo, se a mensalidade é de R$ 1.000,00, o valor do financiamento semestral será de R$ 6.000,00. O valor será dividido em 12 parcelas mensais de R$ 500,00, acrescidas de juros, se houver.
As prestações não se acumulam. O primeiro semestre é pago ao longo do primeiro ano, o segundo semestre ao longo do segundo ano, e assim sucessivamente. Um curso de quatro anos, por exemplo, será quitado em oito anos.
Exigências para conseguir o financiamento
Para conseguir contratar o financiamento, o aluno não precisa ter renda própria, mas deve apresentar um fiador, que pode ser o pai ou a mãe. Normalmente, os bancos exigem que as rendas somadas do aluno e do fiador sejam suficientes para pagar o equivalente a duas vezes e meia o valor da mensalidade do curso. Se a mensalidade é de R$ 1.000,00, a renda total precisa alcançar R$ 2.500,00.
O valor da exigência pode oscilar para cima ou para baixo, dependendo do banco e da análise de crédito do estudante e de seu fiador. Se eles tiverem outras dívidas, como o financiamento de um carro, a exigência de renda pode ser maior ou o valor a ser liberado no crédito estudantil pode diminuir. O comprometimento com todas as dívidas não deve superar 30% da renda.
Não é necessário que a faculdade tenha convênio com o banco para conseguir o crédito. Basta que a escola seja autorizada pelo MEC a oferecer o curso. Entretanto, quando já há um convênio, o processo de liberação do crédito costuma ser mais simples e as condições do financiamento ficam mais favoráveis ao estudante. O Pravaler, por exemplo, tem acordo com mais de 500 instituições de ensino.
Juros variam de zero a 2% ao mês para graduação
A questão mais relevante para quem pretende contratar o crédito estudantil em um banco é a taxa de juros. Dependendo da parceria existente entre o banco e faculdade, o juro pode ser zero para o aluno. Quando não há subsídio por parte da faculdade, ou o subsídio é parcial, as taxas de juros aumentam consideravelmente.
Os juros podem variar conforme o curso escolhido e da sua duração. No Santander, por exemplo, o financiamento para graduação em medicina possui taxa de 1,99% ao mês (26% ao ano). Para cursos de pós-graduação, o banco cobra juros de 2,49% ao mês.
Prestação acompanha reajuste da mensalidade
Outro fato que o estudante deve ficar atento é que, mesmo no caso de financiamento a juro zero, as prestações não serão fixas ao longo de todo o curso. O valor da parcela do financiamento está vinculado à mensalidade.
Como as faculdades costumam reajustar anualmente suas mensalidades em função da inflação, ou até acima dela, a prestação do crédito estudantil também subirá de acordo com esse reajuste a cada aditamento (atualização) do contrato.
Se houver juros no contrato, o aumento da prestação será ainda maior, ou seja, terá o impacto do reajuste da mensalidade pela escola mais os juros.
Saiba fazer um financiamento direto na faculdade
Algumas grandes redes de ensino universitário oferecem crédito a juro zero para os alunos que enfrentam dificuldade para pagar o valor cheio da mensalidade e que não conseguem ter acesso ao Fies.
- A Estácio desenvolveu o PAR, um sistema de parcelamento que permite ao aluno pagar metade do valor total do curso enquanto estiver estudando e a outra metade após a formatura. Se o curso tiver duração de quatro anos, o estudante terá mais quatro anos após formado para quitar a dívida.
O parcelamento é progressivo. A prestação inicial é de 30% do valor da mensalidade nos dois primeiros semestres, subindo para 40% no terceiro semestre, 50% no quarto e 60% a partir do quinto período.
Não há juros sobre o parcelamento, incidindo apenas a correção monetária pelo IPCA. Não é preciso apresentar fiador, nem comprovar renda. A única exigência é que o aluno tenha CPF regular. O PAR vale para todos os cursos, exceto medicina e cursos a distância (EAD).
- O grupo Kroton, que reúne as faculdades Anhanguera, Pitágoras, Fama, entre outras, oferece o Parcelamento Estudantil Privado (PEP), com juro zero. As mensalidades são corrigidas apenas pela inflação. Não há exigência de renda mínima e também não é preciso alcançar uma nota mínima no Enem, como acontece no Fies. Só não tem para o curso de medicina.
O aluno pode optar pelo parcelamento progressivo (PEP 30), pagando 30% da mensalidade no início do curso, depois 40% no ano seguinte, depois 50%, até chegar a 60%. Outra opção é o PEP 50, com pagamento de 50% da mensalidade durante todo o curso, aumentando para 60% após a formatura. Tanto no PEP 30 como no PEP 50, o estudante terá prazo equivalente à duração do curso para quitar o parcelamento depois de formado.
- Na Unip, o Plano de Apoio ao Estudante (PAE) permite financiar até 50% da mensalidade com juro zero. As prestações são corrigidas pelo índice de reajuste das mensalidades durante o curso e pelo IGP-M após sua conclusão. O estudante tem prazo equivalente à duração do curso para pagar a dívida depois de formado.
Porém, para ter acesso ao crédito, o aluno precisa apresentar um ou dois fiadores com renda mensal comprovada superior ao valor de duas mensalidades do curso. O PAE não está disponível para alguns cursos “devido às suas especificidades”, segundo a Unip. A instituição não informou quais cursos não contam com a facilidade do parcelamento.
- O grupo Ser Educacional, formado pela UNG, Uninassau, Unama, Univeritas e Faculdade Joaquim Nabuco, criou o Educred, um parcelamento sem juros que atende a todos os cursos, exceto medicina.
Não há cobrança de juros sobre as parcelas, que são corrigidas pela inflação (IPCA). O pagamento da dívida é feito no dobro do tempo do curso. Ou seja, se o curso durar quatro anos, o aluno tem oito anos parar pagar. A instituição não exige renda mínima, porém realiza uma análise de risco de crédito do aluno para liberar o parcelamento.
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