Agências de classificação de risco cortam nota da Turquia
As agências de classificação de risco Standard & Poor's e Moody's cortaram nesta sexta-feira (17) a nota de crédito soberano da Turquia. Com isso, o país segue sem o grau de investimento, ou seja, sem o "selo de bom pagador" segundo as duas agências.
A S&P rebaixou a nota do país em um nível, para B+ ante BB-, e manteve a perspectiva estável, citando a extrema instabilidade da lira e prevendo uma recessão no próximo ano. A decisão foi tomada depois que a lira perdeu 40% de seu valor contra o dólar este ano.
A Moody's reduziu o rating para Ba3 ante Ba2 e modificou sua perspectiva de rating para negativa, citando o enfraquecimento das instituições públicas da Turquia e a consequente redução na previsibilidade da política turca.
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"O rebaixamento reflete nossa expectativa de que a volatilidade da lira turca e o duro ajuste do balanço de pagamentos previsto vão enfraquecer a economia da Turquia. Prevemos uma recessão no ano que vem", disse a S&P.
A S&P também estima que a inflação vai atingir o pico a 22% nos próximos quatro meses e disse que o enfraquecimento da lira estava colocando pressão sobre o endividado setor corporativo. A desvalorização também aumentou consideravelmente o risco de financiamento para os bancos da Turquia.
"Apesar de riscos econômicos mais altos, nós acreditamos que a resposta política das autoridades monetária e fiscal da Turquia tem sido limitada até agora", disse o comunicado.
A crise cambial foi precipitada por desconfianças de investidores sobre a influência do presidente Tayyip Erdogan sobre a política monetária e alimentado pela disputa cada vez maior entre a Turquia e os Estados Unidos.
Nota indica risco de calote
Um governo ou empresa consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receber o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo ou empresa tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores.
Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e é preciso pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O rating, ou classificação de risco, indica aos investidores se um país, empresa ou negócio é considerado um bom pagador ou não.
O chamado grau de investimento, por exemplo, indica que tem baixo risco de dar calote e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país ou empresa terão risco próximo a zero.
Agências falharam na crise de 2008/2009
A classificação das agências de risco é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de calote de países, empresas e negócios.
Porém, as agências foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009. Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.
(Com Reuters)
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