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Evento discute como incluir e contemplar o consumidor negro na publicidade

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Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/11/2018 12h32

Realizado na segunda-feira (26) em São Paulo (SP), o fórum "Diversifique – Afroconsumo e Inclusão Racial", abordou a representação dos negros na propaganda e na comunicação das marcas. Em painéis como “Afro consumismo: Como as organizações podem e devem compreender e dialogar com novos mercados”, o evento mostrou dados sobre a participação dos negros na população e na economia. 

Segundo o IBGE, 55% dos brasileiros se declaram negros. Essa parcela da população movimenta cerca de R$ 1,6 trilhão na economia brasileira, valor que equivale a 24% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional.

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Mesmo com tão números tão expressivos, as marcas continuam tendo problemas para atingir esse tipo de consumidor. Conforme dados do Instituto Locomotiva, 94% dos negros não se veem representados pelas marcas e 61% declaram que comprariam produtos de marcas que contemplassem os negros em sua comunicação. Mas somente 3% das marcas têm comunicação e desenvolvimento de produtos voltados para a população negra.

    Para Fernando Montenegro, da consultoria Think Etnus, as marcas precisam repensar as estratégias diante do consumo desta grande parcela da população.

    “Para se ter uma ideia, em 2016 foi verificada uma diminuição de 26% em relação ao consumo de produtos alisantes [para o cabelo], enquanto as buscas no Google pelo tema ‘cabelo afro’ cresceram 300%”, declarou o executivo.

    Negros em "espaços de poder"

    Os números da publicidade representam a realidade social de desigualdade que a parcela negra da população enfrenta. Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, apontou que 68% dos brasileiros adultos afirmam ter presenciado alguma cena de humilhação ou discriminação racial no último ano.

    “A realidade de um mercado consumidor não assistido, como é o dos negros, não será mudada por brancos. Enquanto eles não possuírem representantes negros nos espaços do poder, não teremos mudanças. A desigualdade salarial entre brancos e negros representa um prejuízo anual de mais de R$ 800 bilhões”, disse Meirelles.

    O debate, comandado pelo diretor de publicidade do UOL, André Vinícius, apontou alguns casos recentes de marcas que tentaram se aproximar do “afroconsumo”.

    Uma das histórias bem sucedidas envolveu o coletivo Mooc (Movimento Observador Criativo), que reúne oitos jovens negros vindos da periferia com diferentes habilidades, como fotografia, moda, música e design. Anunciantes têm colocado grupos como o Mooc para co-criar campanhas e peças publicitárias.

    Outro exemplo de sucesso citado no evento foi a campanha “Skolors”, da Skol, com assinatura da agência F/Nazca. A marca de cerveja da Ambev lançou, em 2017, uma edição limitada de latas com cinco tons diferentes, com o objetivo de representar a "diversidade e a beleza" das cores das pessoas.

    Assista ao filme da Skol:

    Este ano, a Avon lançou um manifesto para marcar o Dia da Consciência Negra, utilizando o conceito de “afrofuturismo”, definido como um movimento social, cultural e político que aborda a ancestralidade africana e atua na sua adaptação ao período moderno. A campanha também contou com a participação do coletivo Mooc.