Desemprego foi pior para quem estudou e fez curso técnico, diz Dieese
Possuir um curso técnico ou de capacitação profissional não adiantou nada e foi até pior na hora de conseguir trabalho durante os piores anos da recessão econômica, quando as taxas de desemprego dispararam no país.
Essa é uma das principais conclusões de um estudo publicado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), feito com base em dados de 2014 a 2016 da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo o levantamento, em 2016, as taxas de desemprego entre aqueles com cursos profissionalizantes, em alguns casos, foi pior do que a taxa média de desocupação para o total da população.
No geral da população, a taxa de desemprego foi de 11,3%.
Quem estudou mais e fez curso técnico, que dá diploma de nível médio, teve desemprego de 11,9%.
O grupo dos que também se qualificaram, mas num nível menor, de curso livre, sem grau de escolaridade, registrou taxa de desemprego de 10,7%.
Os dados de desemprego são referentes ao terceiro trimestre de 2016.
Profissional acaba em vagas de menor qualificação
"Fazer esse tipo de formação não necessariamente facilita a entrada no mercado de trabalho", disse a pesquisadora do Dieese Camila Ikuta, uma das realizadoras do estudo.
"As pessoas acabam encontrando dificuldades e indo para postos que não exigem necessariamente a capacitação que ela possui, e essa situação se agrava em momentos de desemprego alto."
O levantamento mostra que, em 2014, dos 8,4 milhões de trabalhadores que possuíam um dos cursos de qualificação sem grau superior, quase a metade (47,7%) nunca tinha trabalhado na área em que fez a especialização.
Entre os jovens de 15 a 29 anos com esse tipo de curso (4,1 milhões de pessoas), o número fica ainda pior: 62% deles não estavam nem nunca estiveram colocados na área para a qual estudaram.
São os mais velhos que estão fazendo curso técnico
Outra tendência destacada pelo estudo é o fato de que são os mais velhos, e não os mais jovens, que engrossam as salas de aula dos cursos profissionalizantes, mesmo sendo um tipo de qualificação geralmente ligada ao fim do ensino básico e ao começo de carreira.
Em 2016, 36% dos 2,3 milhões de estudantes que frequentavam um curso de qualificação profissional tinham entre 30 e 49 anos, enquanto apenas 17% estavam na faixa de 14 a 17 anos.
"As pessoas estão buscando uma qualificação tardia, enquanto os jovens, que, no Brasil, começam a trabalhar muito cedo e são quem precisa desse tipo de preparação para o mercado de trabalho, têm uma participação pequena", disse Camila.
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