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Troca de cartão, valor errado na compra: saiba evitar golpes no Carnaval

Juliana Kirihata e Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

01/03/2019 14h17Atualizada em 17/03/2019 16h14

Quem vai curtir o Carnaval nas festas de rua já sabe que deve se preocupar com o risco de roubo de celular e carteira. Mas também é preciso ficar atento para outros perigos nessa época do ano. A troca do cartão na hora do pagamento, por exemplo, é uma das fraudes mais comuns em momentos de grande aglomeração de pessoas, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

"O que muita gente parece esquecer é que as quadrilhas e os golpistas não tiram férias. Para evitar dor de cabeça, é preciso tomar cuidado ao longo do ano todo, não apenas durante as festas", diz a entidade.

Uma jornalista vítima de um golpe em um bloco de Carnaval contou no Twitter como os golpistas agiram. Ela disse que seu cartão foi trocado por um vendedor ambulante enquanto fazia o pagamento, e os criminosos conseguiram gastar mais de R$ 3.000 em dez minutos, fazendo com que a conta dela entrasse no cheque especial. O relato viralizou e tinha mais de 10 mil compartilhamentos e 13,5 mil curtidas até a tarde de hoje.

"Eu tive 'sorte' porque percebi na mesma hora que o cartão não era meu. Discuti com o cara, que se fez de desentendido, e achei melhor ligar logo para o banco para bloquear tudo", afirmou a jornalista Olga Bagatini.

Veja alguns exemplos de golpes e como evitá-los, de acordo com a Febraban:

Troca de cartão no pagamento

Ao entregar a maquininha de pagamento, o bandido se aproveita de alguma distração do comprador, que, sem perceber, digita a senha no campo de valor, em que aparecem os números digitados, e não asteriscos. O golpista consegue, assim, roubar a senha. Ainda aproveitando a falta de atenção, ele troca o cartão e devolve um similar e até do mesmo banco.

Dupla operação ou valor errado

O golpista finge que o cartão não passou na maquininha e alega um problema qualquer do aparelho. Em seguida, ele pega outra maquininha e cobra novamente o valor (o mesmo, ou maior).

Troca de cartão no caixa automático

Enquanto o cliente usa o caixa eletrônico, o bandido se aproxima e oferece ajuda. Após ver a vítima digitar a senha, ele troca o cartão sem ser notado, e, com isso, realiza saques e compras.

Páginas, emails e SMS falsos

A pessoa recebe um email ou mensagem com ofertas tentadoras e atrativas, com links que, na verdade, direcionam para um site falso. Acreditando se tratar de uma página confiável, o consumidor fornece dados sigilosos, como número de cartão e senhas. Com essas informações, o bandido realiza transações, burla bloqueios de segurança, desbloqueia cartões e confirma dados.

Falso motoboy

O consumidor recebe uma ligação de alguém dizendo que seu cartão foi clonado. Para bloqueá-lo, é preciso cortá-lo ao meio e pedir um novo pelo atendimento eletrônico. A pessoa diz que um motoboy vai buscar o cartão, para a segurança do cliente, e pede a senha. Mesmo se o cartão estiver cortado ao meio, se o chip estiver intacto, é possível realizar transações.

Veja dicas para evitar fraudes

  • Fique atento ao seu cartão ao entregá-lo para fazer um pagamento
  • Veja se a senha está sendo digitada na tela certa
  • Observe se os números da sua senha estão aparecendo na tela da maquininha quando a digita, isso não pode acontecer
  • Desconfie caso o cartão seja passado mais de uma vez na máquina
  • Sempre peça e confira o recibo
  • Nunca empreste seu cartão
  • Memorize a senha e não a guarde junto do cartão
  • No caixa eletrônico, aceite ajuda apenas de funcionários identificados e nunca forneça sua senha
  • Use apenas o próprio computador ou smartphone para fazer compras e transações bancárias
  • Não acesse links ou anexos de emails suspeitos nem os responda
  • Proteja seus dados pessoais, inclusive nas redes sociais, e não revele nenhuma informação a desconhecidos
  • Sempre que for descartar um cartão, lembre-se de cortar o chip e a tarja

Caí em um golpe, e agora?

Segundo o Procon-SP, o consumidor que identificar que caiu em algum golpe deverá fazer um boletim de ocorrência em uma delegacia. A vítima também deve entrar em contato com o banco por meio do SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) para informar a situação. Tenha com você detalhes da transação indevida, como data e valores descontados. A instituição terá cinco dias úteis para dar uma resposta sobre a devolução do dinheiro.

Se o banco não resolver a situação ou não der uma resposta, o consumidor pode registrar uma queixa na ouvidoria da instituição. Também é possível fazer uma reclamação no Banco Central, em uma entidade de defesa do consumidor ou buscar a Justiça.

Dinheiro nem sempre é devolvido

Há casos em que o consumidor pode ficar no prejuízo. Isso porque nem sempre o dinheiro roubado é devolvido. O Judiciário está mais rigoroso na análise de ações sobre fraudes em compras com cartões. Os magistrados, sobretudo do STJ (Superior Tribunal de Justiça), têm dado ganho de causa aos bancos nos processos em que fica comprovado que os golpistas usaram a senha dos clientes e os cartões com chip.

Os juízes afirmam nas decisões que há negligência ou desleixo dos correntistas com os cartões e as senhas. "A responsabilidade no caso de clonagem é do banco. Isso está claro na Súmula 479 do STJ. Mas, quando há desleixo do cliente ou negligência por informar a senha e emprestar o cartão para outra pessoa, a responsabilidade é dele [do cliente]", disse a advogada Danielle Coimbra, especialista em defesa do consumidor.

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