País começa a armazenar energia solar em larga escala com 10 anos de atraso
Uma empresa geradora começou a usar uma bateria gigante para armazenar energia solar em larga escala em Uberlândia (MG), no primeiro projeto do tipo em operação no Brasil. Este primeiro passo, no entanto, chega com pelo menos dez anos de atraso em relação a países como EUA, Alemanha, Austrália e Japão, entre outros.
A bateria recarregável de íon de lítio tem 3 por 12 metros e capacidade de armazenar 1.360 kWh (quilowatts-hora) ou 1,36 MWh (megawatt-hora) de energia solar fotovoltaica, o suficiente para abastecer 170 casas durante um dia inteiro. Se toda essa energia estocada durante um dia de sol fosse injetada à rede elétrica só no horário de pico de consumo, entre 18h e 21h, seria possível atender o dobro de casas: 340, ao todo.
A bateria foi importada da China, já que o Brasil não tem tecnologia para fabricar esse tipo de equipamento com capacidade de armazenamento tão grande.
Conta pode baixar
O sistema, que entrou em operação no final de fevereiro, faz parte de um projeto de pesquisa e desenvolvimento que absorveu R$ 22,7 milhões em investimentos, dos quais R$ 17,5 milhões foram aportados pela Cemig e os R$ 5,2 milhões restantes pela Alsol, idealizadora e executora do projeto.
Segundo Gustavo Malagoni, presidente da Alsol, pode haver uma economia de pelo menos 15% por mês no preço do quilowatt-hora.
"Sistemas como este que entrou em operação pela primeira vez no país permitem aliviar a sobrecarga na rede de distribuição, com benefícios para o meio ambiente, porque muitos geradores a diesel deixam de ser ligados, e para os consumidores, porque os preços das tarifas também cairão", disse o executivo.
Três projetos em andamento
A CPFL Energia está com três projetos semelhantes em andamento, nos quais devem ser investidos R$ 60 milhões.
Renato Povia, gerente de Inovação da companhia, afirmou que uma das baterias, com capacidade de armazenamento de 1.000 kWh (quilowatts-hora) ou 1 MWh (megawatt-hora), deve ser instalada até dezembro no parque eólico da CPFL Renováveis no Rio Grande do Norte.
Outras duas baterias, que ainda estão em processo de dimensionamento, devem ser instaladas em subestações de energia da companhia na região de Campinas (SP), também até o final do ano.
Energia solar mais acessível
O projeto acontece num momento de forte avanço da produção de energia solar fotovoltaica no país. Os preços das baterias de armazenamento em larga escala caíram mais de 75% no mercado internacional, entre 2010 e 2018, e o custo de geração desse tipo de energia despencou 83% nesse mesmo período, com reflexos no Brasil.
Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), afirmou que, no último leilão de energia, em abril do ano passado, o megawatt-hora saiu por US$ 35,25, ante pouco mais de US$ 80 um ano atrás.
Segundo Sauaia, neste ano o governo federal deve fazer outros dois leilões de energia, com participação da energia solar fotovoltaica. Ele avalia que os preços por megawatt-hora ficarão ainda mais competitivos, o que mostra o forte avanço dessa fonte renovável.
Estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) projeta que a participação da energia solar na matriz elétrica do país deve atingir 10% em 2030. Hoje, não chega nem a 0,2% de toda a eletricidade produzida no país, que é aproximadamente 165 gigawatts (165.000 megawatts). O potencial técnico solar fotovoltaico do país é estimado em 28.500 gigawatts (28.500.000 megawatts), mais de 170 vezes a capacidade instalada de todas as fontes da matriz elétrica brasileira.
Sauaia informou que, até o final do ano, o setor deve investir R$ 5,2 bilhões em geração de energia solar fotovoltaica, com o qual o acumulado de investimentos até 2022 passará de R$ 20 bilhões.
O Brasil possui hoje cerca de 50 mil sistemas fotovoltaicos, incluindo usinas de médio e grande portes. "É apenas o começo. Considerando que existem 84 milhões de unidades consumidoras, os 50 mil sistemas comparado a esse universo é meia gota d'água", disse ele.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.