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Mensalidade da pré-escola aumenta o dobro que a da pós-graduação

Juliana Elias

Do UOL, em São Paulo

19/03/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Aumento das mensalidades na educação infantil, em dez anos, é de 149,27%
  • Para os cursos de pós-graduação, o reajuste acumulado em uma década é de 70,69%
  • No ensino básico, pais e alunos resistem mais em trocar de escola

Ficou muito mais caro educar uma criança do que um jovem profissional no Brasil. Em dez anos, o custo da educação infantil subiu o dobro do que se gasta com pós-gradução. Entre fevereiro de 2009 e fevereiro de 2019, a educação infantil ficou 149% mais cara, enquanto a pós-gradução subiu 71% em média.

É o que mostra um levantamento feito pelo UOL com base nos dados oficiais de inflação (IPCA) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nos últimos dez anos, as mensalidades médias da educação particular, considerando todos os níveis, mais que dobraram, com uma alta acumulada de 112,47%, bastante acima da inflação no mesmo período, que foi de 76,05%.

Custo da educação infantil dispara

Os maiores aumentos, porém, estão concentrados no ensino básico, no qual se destaca o ensino infantil. Veja o gráfico abaixo:

Os maiores aumentos ficaram no ensino infantil, que concentra a pré-escola: as mensalidades começaram 2019, em média, 7,8% mais caras que em 2018, e, em uma década (desde 2009), já acumularam aumento de 149,27%. É como se uma mensalidade que, no ano letivo de 2009, custasse R$ 1.000, estivesse começando 2019 a R$ 2.493.

Na outra ponta, as pós-graduações tiveram reajuste de apenas 5,5% neste ano, e, em uma década, o acumulado é de 70,69%. É menos da metade do que o custo na pré-escola e abaixo, inclusive, dos 76% da inflação geral medida pelo IPCA nos mesmos anos. Isso significa que uma faculdade que também cobrasse R$ 1.000 pelo curso em 2009, hoje, cobraria R$ 1.707.

Resistência em abandonar a escola

Um fato apontado por especialistas para explicar a diferença está no vínculo maior que pais e filhos têm com a escola, enquanto, na faculdade, é mais fácil e mais comum que as pessoas mudem de instituição, de curso, ou simplesmente adiem ou abandonem o diploma.

"A escola não é como outros serviços, que, se ficam caros, a pessoa troca ou deixa de usar. A mudança é mais complexa, e isso acaba dando um poder de barganha maior para que as instituições repassem seus aumentos", disse o economista André Braz, um dos coordenadores dos índices de inflação da FGV (Fundação Getulio Vargas).

"A educação infantil é a que mais cresce e a que mais tem alunos", disse Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo). "Antes, as famílias colocavam o filho na escolinha para brincar, enquanto, hoje, cresce o entendimento de que é um período essencial na formação da criança."

Segundo Silva, o estado de São Paulo tem cerca de 2,7 milhões de alunos em colégios particulares, sendo que 800 mil deles, cerca de 30%, estão nas creches ou pré-escolas. Ensino fundamental, médio e de adultos dividem o restante.

Mudança no ensino superior é mais frequente

No ensino superior, por sua vez, a mobilidade é maior, o que vai reduzindo a facilidade das instituições de segurarem seus alunos e, portanto, de repassarem aumentos muito altos para eles.

"No ensino superior, os alunos muitas vezes já pagam os próprios estudos, trabalham e já se deslocam mais para ir até a faculdade, e o apego é menor", disse Braz, da FGV.

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