Em 9 dos últimos 10 anos, mensalidade escolar subiu mais que a inflação
Resumo da notícia
- Aumento médio de mensalidades foi de 5,68% em 12 meses até janeiro, enquanto inflação subiu 3,78%
- Em dez anos, a educação ficou 112,47% mais cara; a inflação foi de 76,05%
- Escolas e especialistas dizem que os aumentos ocorrem por causa de salários e outros gastos
Os aumentos das mensalidades de escolas particulares em geral ficam acima da inflação (IPCA), o que causa reclamações de pais e alunos. Levantamento feito pelo UOL mostra que, nos últimos dez anos, houve uma única vez em que o reajuste foi menor que a inflação. Foi em 2016, quando as mensalidades subiram 8,99% e a inflação foi de 10,71% (veja quadro abaixo).
Em janeiro deste ano, o aumento do setor foi, de novo, maior que a alta geral de preços: 5,68% contra 3,78% de inflação, considerando o acumulado em 12 meses.
Em uma década, o custo de estudar mais que dobrou: 112,47% na média das mensalidades. No mesmo período, a inflação foi de 76,05%.
Por que sobe tanto?
Especialistas e representantes do setor de educação dizem que as mensalidades aumentam tanto porque os custos fixos continuam subindo: salários de professores e funcionários, aluguéis dos prédios ou manutenção. Só a conta de luz, por exemplo, chegou a ficar 30% mais cara em 2018 a depender do estado.
"Isso piora quando o número de alunos cai, porque os custos continuam os mesmos e têm que ser divididos por um número menor de pessoas", disse André Braz, um dos coordenadores dos índices de inflação da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Outro fator que também aumenta em anos de crise e tem impacto direto nas mensalidades é a inadimplência. "Uma escola é como um condomínio, quando um não paga, o rateio do custo recai sobre os outros", disse Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo).
Resistência em mudar de escola
Também favorece as escolas o fato de que, diferentemente de outros serviços, preço não é o único fator que conta na decisão, e as pessoas resistem por mais tempo em abandoná-las, seja para mudar para uma mais barata ou para a rede pública.
"A educação tem um caráter de investimento e é um dos últimos serviços que as pessoas cortam", disse Braz, da FGV. "Elas cortam cabelereiro, viagem, passeios e, só quando não têm mais opção, mudam a escola". Localização, linha de ensino e amizades são alguns dos fatores que costumam segurar a mudança até o limite.
Isso mexe com um dos princípios básicos da lei de oferta e demanda: quanto mais os consumidores de um determinado serviço resistem em abandoná-lo, mais fácil é para seus fornecedores continuarem repassando os aumentos.
Segundo estimativas do Sieesp, 2,7 milhões de jovens e crianças estudam em escolas particulares no estado de São Paulo atualmente. O total de matriculados cresceu continuamente até 2017, quando houve uma queda de 1,2%. Os números de 2018 ainda não foram fechados
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