Carteiros entram em greve; é preciso pagar conta mesmo sem receber boleto
Os funcionários dos Correios estão em greve por tempo indeterminado desde a noite de ontem. A paralisação foi anunciada pela Findect (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios), pelo Sintect-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo, Grande SP e Sorocaba) e confirmada pela empresa. Se a chegada de algum boleto atrasar por causa da greve, é preciso pagá-lo mesmo assim.
Segundo as entidades sindicais, houve adesão na maioria dos estados. Elas afirmam que o governo e os Correios se negaram a negociar um acordo coletivo, e por isso os trabalhadores decidiram cruzar os braços.
Por outro lado, a empresa diz que as federações fizeram propostas insustentáveis para as finanças dos Correios. Segundo a estatal, a paralisação parcial não prejudicará a população.
Como fazer para pagar as contas?
Se a greve atrasar o envio e o recebimento de contas dos consumidores, é preciso ficar atento: a paralisação não isenta o pagamento das contas, mesmo que tenham sido recebidas após o prazo de vencimento, alertam entidades de defesa do consumidor.
O Procon-SP e a associação Proteste afirmam que o consumidor deve procurar as empresas que enviam cobrança pelos Correios antes do vencimento das contas, para evitar ter de pagar multas. Uma alternativa é consultar os boletos no site ou no aplicativo das empresas. Hoje em dia, é muito comum que as companhias disponibilizem as cobranças nesses canais.
"Se não receber boletos bancários e faturas por conta da greve, o consumidor deverá entrar em contato com a empresa credora, antes do vencimento, e solicitar outra opção de pagamento, a fim de evitar a cobrança de eventuais encargos, negativação do nome no mercado ou ter cancelamentos de serviços", afirma o Procon-SP.
Segundo a Proteste, caso a empresa não ofereça uma alternativa, ela deve prorrogar o vencimento da conta. "Somente se a empresa credora não disponibilizar outra forma de pagamento, e o consumidor receber a conta com a cobrança de encargos, os valores poderão ser questionados", diz a entidade, em nota.
Entrega de encomendas pode atrasar
Se o cliente contratou algum serviço de envio de encomendas dos Correios, como Sedex, e teve algum prejuízo porque a mercadoria atrasou, ele pode cobrar que seja compensado por isso, de acordo com a Proteste. A entidade também recomenda que o andamento da entrega seja acompanhado pelo site dos Correios.
Caso seja prejudicado, o consumidor pode reclamar em entidades de defesa do consumidor, como o Procon de seu estado e a Proteste, ou entrar na Justiça, recorrendo ao Juizado Especial Cível para pedir indenização pelo prejuízo financeiro ou moral.
O consumidor que contratar serviços dos Correios, como a entrega de encomendas e documentos, e estes não forem prestados, tem direito a ressarcimento ou abatimento do valor pago. Nos casos de danos morais ou materiais pela falta da prestação do serviço, cabe também a indenização por meio da Justiça
Procon-SP
Se o consumidor comprou algum produto de uma empresa que faz a entrega pelos Correios, essa empresa é responsável por encontrar outra forma para que os produtos sejam entregues no prazo, de acordo com o Procon-SP.
Outras empresas que fazem entregas
A Proteste recomenda procurar algum meio alternativo se precisar enviar alguma carta ou encomenda com urgência durante a greve.
Se não for possível substituir por e-mail ou fax, o consumidor deve procurar outras empresas de entrega. Entre as empresas que oferecem esse tipo de serviço, estão a Fedex, UPS e DHL.
Entidades são contra privatização e pedem manutenção de benefícios
Entre as reivindicações dos trabalhadores da ECT estão: reajuste salarial pela inflação, manutenção de benefícios, como ter os pais como dependentes no plano de saúde; continuidade de percentual de férias em 70%, do vale-alimentação e do vale-refeição.
Findect e Sintect-SP também são contra a privatização dos Correios, pois consideram que a medida "joga no lixo" o atendimento aos cidadãos, a segurança nacional e a integração promovida pela empresa.
Segundo as entidades sindicais, a greve é a única alternativa, já que o governo e a direção da estatal se negam a negociar o acordo coletivo.
Por outro lado, os Correios afirmam que as reivindicações extrapolam a capacidade econômica da empresa, considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$ 3 bilhões. "No momento, o principal compromisso da direção dos Correios é conferir à sociedade uma empresa sustentável", afirmou em nota no site oficial.
Depois de resultados negativos bilionários em 2015 e 2016, os Correios voltaram a lucrar em 2017 e 2018.
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