MPT denuncia empresa por assédio sexual e investiga "teste do sofá" em SE
A empresa de telemarketing e atendimento ao cliente AlmavivA do Brasil foi denunciada pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) em Sergipe por suspeita de assédio sexual praticado na seleção de funcionárias. Segundo o MPT-SE, ex-funcionários relataram que para conseguir cargos na empresa é necessário passar por uma espécie de "teste do sofá".
O MPT-SE destacou que a AlmavivA responde na Justiça do Trabalho diversas ações por descumprimento da legislação trabalhista, como a falta de reajuste do salário dos empregados de acordo com o salário mínimo, assédio moral e fraude no sistema de ponto.
A ACP (Ação Civil Pública) foi ajuizada nesta sexta-feira (27) e detalha que coordenadores e supervisores forçavam intimidades com as operadoras de telemarketing e que "a única possibilidade de ascensão profissional dentro da AlmavivA" é por meio do "teste do sofá".
Ainda de acordo com a ação, um coordenador da AlmavivA em Sergipe abordava funcionárias por meio de redes sociais, "teria enviado uma foto do órgão sexual e tentava estabelecer relações íntimas com funcionárias".
A ação pede, em caso de condenação, o pagamento de indenização no valor de R$ 500 mil por danos morais a direito difuso e coletivo. A primeira audiência sobre o caso está marcada para o dia 10 de outubro.
O procurador do Trabalho, Vanderlei Avelino Rodrigues, afirma que vem investigando a conduta da empresa, na seleção de funcionárias desde 2017 e, que os depoimentos colhidos demonstraram a prática de assédio sexual.
A investigação, segundo o MPT-SE, apontou que coordenadores e supervisores forçavam intimidades com as operadoras de telemarketing da empresa, como por exemplo, passavam a mão nos ombros, nos cabelos e falavam no ouvido das funcionárias.
"Notou-se ser frequente e sistemático o cometimento dos mais variados abusos no ambiente laboral, em que o assediador, utilizando-se sobretudo de aplicativos de mensagens, enviava fotos das partes íntimas, bem como convites, na tentativa de estabelecer encontros íntimos com suas subordinadas", relata o procurador do Trabalho.
O MPT-SE disse que antes de ajuizar a ação, intimou a empresa e propôs que houvesse comprometimento de adoção de medidas rígidas para coibir supostos atos de assédio sexual, entretanto, a AlmavivA rejeitou o acordo. "Para preservar a dignidade das trabalhadoras, não restou ao MPT-SE outra alternativa senão o ajuizamento da ACP", informou.
Outras denúncias
Segundo o MPT-SE, a empresa é parte constante de ações por descumprimento da legislação trabalhista. "As denúncias contra a AlmavivA continuam chegando diariamente ao Ministério Público do Trabalho, demonstrando que os trabalhadores sergipanos se ressentem da falta de soluções efetivas no âmbito deste Estado", destaca o procurador.
A AlmavivA do Brasil detalha, no seu site, que atua nas cidades de Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Guarulhos (SP), Juiz de Fora (MG), Maceió (AL), São Paulo (SP) e Teresina (PI). A empresa diz que tem mais de 32 mil colaboradores, a maioria atua como representante de atendimento, com idade média entre 18 e 25 anos.
Outro lado
O UOL tentou contato por telefone com a AlmavivA na noite de sexta-feira (27) e na manhã de sábado (28), mas não obteve resposta. A linha da empresa só funciona das 9h às 17h, de segunda a sexta-feira.
Nesta segunda-feira (30), a Almaviva se posicionou sobre a acusação e afirmou que adota políticas para coibir qualquer desvio de conduta e "não admite comportamentos tidos como impróprios dos gestores."
A empresa destacou ainda que trabalha de forma "contínua para a manutenção de um ambiente sadio em suas dependências" e que seus gestores são orientados a atuarem de "maneira adequada."
A Almaviva informou que mantém ouvidoria online "independente e paritária" para apuração de eventuais denúncias.
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