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BC diz que não estuda mudanças no parcelado sem juros do cartão

Antonio Temóteo

Do UOL, em Brasília

02/12/2019 17h35

O Banco Central negou que esteja estudando mudanças no parcelado sem juros do cartão de crédito. A informação de que essas alterações estariam sendo avaliadas circulou no mercado nos últimos dias.

"Não há nenhum estudo em andamento no Banco Central sobre o tema", informou o BC ao ser questionado sobre a informação.

O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci, que tem tratado do assunto, também afirmou ter falado com técnicos do BC, que negaram a existência desses estudos.

"Ouvi de técnicos que o BC não fará mudanças no parcelado sem juros. Essa modalidade de crédito é importante para o comércio e o setor de serviços. Os bancos têm que trabalhar para ofertar novas modalidades de financiamento e não para acabar com as que já existem", disse.

O juro médio do rotativo do cartão de crédito avançou de 307,8%, em setembro, para 317,2% ao ano, em outubro de 2019. No mesmo mês, em 2018, a taxa média era de 275,7% ao ano.

Dados do BC mostram que apenas 15,4% das operações com cartão de crédito são parceladas, mas o valor delas representa 50,2% do total das operações com cartão.

Consumidores precisam do parcelado

Os consumidores recorrem ao parcelamento para comprar produtos e serviços de maior valor e não comprometer parte significativa do orçamento mensal.

A maior parte, 20,5 pontos percentuais se concentram em compras de duas ou três parcelas. Outros 15,7 pontos percentuais são de transações que variam de quatro a seis parcelas. E 14 pontos percentuais são de operações de sete ou mais parcelas.

O lojista também paga taxas de desconto maiores para fazer vendas parceladas sem juros. Quando uma loja, um bar ou um restaurante faz uma venda no cartão, ele sofre uma taxa de desconto sobre o valor recebido. Essa taxa serve para remunerar os três elos da cadeia de cartões: a maquininha, o banco emissor do cartão e a bandeira (Mastercard, Visa e Elo são as maiores do país).

A empresa de maquininhas é responsável por recolher a taxa e repassá-la aos demais. Nessa indústria, a bandeira determina, além da própria remuneração, o quanto o banco vai receber por transação —essa é a taxa de intercâmbio.

Parcelado com juros não deu certo

Em março de 2019, a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito) anunciou a criação do sistema do parcelamento com juros no cartão de crédito, chamado pela entidade de "crediário no cartão".

A maquininha de cartão passou a apresentar ao consumidor pelo menos três simulações de parcelamento, com prazos diferentes. Cabe ao banco emissor do cartão definir as taxas para cada cliente, conforme seu perfil de risco, tipo de compra e número de parcelas. O limite também depende do cliente: pode ser o mesmo do cartão ou ser próprio do crediário.

Entretanto, o parcelado com juros do cartão não pegou. "O parcelado com juros não tem representatividade nas vendas de cartão porque continua a existir o parcelado sem juros. Outro problema é a diferenciação de preços em compras à vista. Também não pegou", disse um técnico do governo.

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