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"Banho-maria" e "fim do risco de recessão": o que analistas dizem sobre PIB

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

03/12/2019 12h49

Resumo da notícia

  • PIB cresceu 0,6% no 3º trimestre e 1,2% em um ano, diz IBGE
  • Consumo de famílias e investimentos subiram, mas exportações caíram
  • Desemprego alto e informalidade preocupam
  • Ritmo de expansão ainda é fraco, dizem economistas, mas expectativa para quarto trimestre é positiva

O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre foi melhor que o esperado pelo mercado, mas economistas divergem sobre o quanto os números dão motivos para ser otimista. Enquanto alguns veem razões para preocupação e economia "em banho-maria", outros defendem que o PIB sinaliza consolidação da recuperação econômica.

A economia brasileira cresceu 0,6% no terceiro trimestre, na comparação com o segundo trimestre, de acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação ao mesmo período de 2018, a expansão foi de 1,2%.

"Nossa economia continua em banho-maria, andando de lado", disse o economista Nelson Marconi, professor da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas - São Paulo). Para ele, o país segue com problemas estruturais, como a indústria, que continua perdendo fôlego. Ele destaca que o fraco desempenho das exportações continua afetando a indústria. As vendas do Brasil para o exterior caíram 5,5% no terceiro trimestre.

De fato, a indústria de transformação recuou 0,5%, influenciada pelo desempenho fraco de celulose, papel, produtos químicos, farmacêuticos e metalurgia. Para Marconi, o ritmo de investimentos ainda é baixo, apesar de um avanço de 2%. "A participação dos investimentos continua igual em relação ao PIB, na casa de 16%", disse.

Emprego ainda preocupa

A taxa de desemprego, ainda na casa de 12%, é o fator que mais atrapalha o consumo neste momento, prejudicando a economia, afirmam os economistas. "O emprego que está crescendo é o emprego precário [informal, sem carteira assinada]. É um fator que restringe o crescimento porque afeta a demanda", disse Marconi.

Rodrigo De Losso, professor de Economia da USP (Universidade de São Paulo) concorda que o crescimento ainda é baixo e que o emprego precisa reagir. "É difícil estimular uma economia combalida", disse.

Mas ele é mais otimista em relação às perspectivas para a economia, na medida em que o crescimento foi maior que o esperado. Para o economista, o quarto trimestre será melhor, puxado por medidas adotadas pelo governo para estimular os investimentos e, assim, gerar mais emprego. "A redução da taxa de juros, por exemplo, reduz o custo de endividamento das pessoas e das empresas, o que vai estimular também o investimento", afirmou.

Cenário positivo no quarto trimestre

O economista Walter Franco, professor do Ibmec, disse que o desempenho da economia no terceiro trimestre foi mais importante por ter consolidado uma tendência de crescimento, e não apenas pelos números positivos. "Escapamos definitivamente do risco de recessão", disse.

A economia vai acelerar o passo neste quarto trimestre, afirmou, porque nos últimos três meses do ano a economia recebe injeção de dinheiro do 13º salário. Além disso, neste ano houve a liberação do saque de até R$ 500 do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

"O quarto trimestre ainda tem as contratações do comércio e o consumo para as festas de fim de ano" disse.

Ele também destacou que muitos bancos e empresas fizeram feirões para renegociar dívidas dos consumidores. Assim, as famílias terão mais espaço para gastar. "Os juros estão baixos e a inflação continua controlada, o que traz alento para as famílias", afirmou.

Otimista em relação às exportações, ele afirma que as vendas para o exterior vão reagir nos próximos meses, graças ao dólar valorizado. "No primeiro momento de uma alta forte [do dólar], sempre há um impacto negativo nas exportações porque as negociações travam, mas depois as exportações começam a reagir" afirmou.

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