"Banho-maria" e "fim do risco de recessão": o que analistas dizem sobre PIB
Resumo da notícia
- PIB cresceu 0,6% no 3º trimestre e 1,2% em um ano, diz IBGE
- Consumo de famílias e investimentos subiram, mas exportações caíram
- Desemprego alto e informalidade preocupam
- Ritmo de expansão ainda é fraco, dizem economistas, mas expectativa para quarto trimestre é positiva
O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre foi melhor que o esperado pelo mercado, mas economistas divergem sobre o quanto os números dão motivos para ser otimista. Enquanto alguns veem razões para preocupação e economia "em banho-maria", outros defendem que o PIB sinaliza consolidação da recuperação econômica.
A economia brasileira cresceu 0,6% no terceiro trimestre, na comparação com o segundo trimestre, de acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação ao mesmo período de 2018, a expansão foi de 1,2%.
"Nossa economia continua em banho-maria, andando de lado", disse o economista Nelson Marconi, professor da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas - São Paulo). Para ele, o país segue com problemas estruturais, como a indústria, que continua perdendo fôlego. Ele destaca que o fraco desempenho das exportações continua afetando a indústria. As vendas do Brasil para o exterior caíram 5,5% no terceiro trimestre.
De fato, a indústria de transformação recuou 0,5%, influenciada pelo desempenho fraco de celulose, papel, produtos químicos, farmacêuticos e metalurgia. Para Marconi, o ritmo de investimentos ainda é baixo, apesar de um avanço de 2%. "A participação dos investimentos continua igual em relação ao PIB, na casa de 16%", disse.
Emprego ainda preocupa
A taxa de desemprego, ainda na casa de 12%, é o fator que mais atrapalha o consumo neste momento, prejudicando a economia, afirmam os economistas. "O emprego que está crescendo é o emprego precário [informal, sem carteira assinada]. É um fator que restringe o crescimento porque afeta a demanda", disse Marconi.
Rodrigo De Losso, professor de Economia da USP (Universidade de São Paulo) concorda que o crescimento ainda é baixo e que o emprego precisa reagir. "É difícil estimular uma economia combalida", disse.
Mas ele é mais otimista em relação às perspectivas para a economia, na medida em que o crescimento foi maior que o esperado. Para o economista, o quarto trimestre será melhor, puxado por medidas adotadas pelo governo para estimular os investimentos e, assim, gerar mais emprego. "A redução da taxa de juros, por exemplo, reduz o custo de endividamento das pessoas e das empresas, o que vai estimular também o investimento", afirmou.
Cenário positivo no quarto trimestre
O economista Walter Franco, professor do Ibmec, disse que o desempenho da economia no terceiro trimestre foi mais importante por ter consolidado uma tendência de crescimento, e não apenas pelos números positivos. "Escapamos definitivamente do risco de recessão", disse.
A economia vai acelerar o passo neste quarto trimestre, afirmou, porque nos últimos três meses do ano a economia recebe injeção de dinheiro do 13º salário. Além disso, neste ano houve a liberação do saque de até R$ 500 do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
"O quarto trimestre ainda tem as contratações do comércio e o consumo para as festas de fim de ano" disse.
Ele também destacou que muitos bancos e empresas fizeram feirões para renegociar dívidas dos consumidores. Assim, as famílias terão mais espaço para gastar. "Os juros estão baixos e a inflação continua controlada, o que traz alento para as famílias", afirmou.
Otimista em relação às exportações, ele afirma que as vendas para o exterior vão reagir nos próximos meses, graças ao dólar valorizado. "No primeiro momento de uma alta forte [do dólar], sempre há um impacto negativo nas exportações porque as negociações travam, mas depois as exportações começam a reagir" afirmou.
Veja mais economia de um jeito fácil de entender: @uoleconomia no Instagram.
Ouça os podcasts Mídia e Marketing, sobre propaganda e criação, e UOL Líderes, com CEOs de empresas.
Mais podcasts do UOL em uol.com.br/podcasts, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e outras plataformas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.