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Bolsonaro diz se preparar para possível alta no petróleo após ataque ao Irã

Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante cerimônia no Palácio do Planalto - ADRIANO MACHADO
Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante cerimônia no Palácio do Planalto Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em São Paulo

03/01/2020 19h23

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que convocou uma reunião na segunda-feira para tratar de possível alta do preço do petróleo após o ataque de ontem dos Estados Unidos no Iraque, que vitimou o líder iraniano Qasem Soleimani.

"Há poucas semanas tivemos um ataque de drones em refinarias na Arábia Saudita. Houve um pequeno aumento no preço do petróleo. Conversei com o Castello Branco (Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras) e achamos que o pico de aumento será semelhante, mas que em poucos dias vai se acomodar", declarou na tarde de hoje em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band.

O presidente mencionou uma reunião na segunda-feira, 6 de janeiro, para "se preparar para possíveis consequências caso isso dure mais tempo que o caso da Arábia Saudita". O presidente também adiantou que o petróleo no Brasil seguirá o preço internacional.

"Não vamos interferir, agora sabemos o quanto o impacta toda a nossa economia o aumento do petróleo cujo produto final, o diesel, combustível, já está bem alto", afirmou.

Ao longo de quase uma hora de entrevista, Bolsonaro pregou cautela ao tratar da questão entre Estados Unidos e Irã, principalmente pela falta de forças nucleares que permitam ao Brasil "opinar tranquilamente sem sofrer retaliações".

"A reunião é sobre o petróleo, se houver outras questões, até lá, aí atravessa a Esplanada e vai para o Ministério da Defesa. A gente não sabe o que pode acontecer numa situação como essa", declarou, acrescentando: "Nossa situação é de torcer para que tudo fique bem. Não temos poderio bélico, temos que esperar que dê tudo bem e esperar que não tenha reflexo no combustível no Brasil."

Como foi o ataque

O ataque coordenado pelos EUA contra um aeroporto em Bagdá, no Iraque, matou Qasem Soleimani, o chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds do Irã, considerado um dos homens mais importantes do país. Além dele, ao menos outras sete pessoas morreram. Entre elas estava Abu Mahdi al-Muhandis, comandante de milícia do Iraque, apoiada pelo Irã. A milícia da qual ele fazia parte também atribuiu a morte aos EUA.

Naim Qassem, segundo na linha de comando do Hezbollah no Líbano, também seria uma das vítimas.

A Guarda Quds é uma força de elite do exército iraniano e teria sido responsável pela invasão da Embaixada dos EUA, em Bagdá, no início desta semana.

Pentágono diz que ataque foi ordenado por Trump

O Pentágono confirmou que o ataque aconteceu "sob ordens do presidente" Donald Trump. "Os militares dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal dos EUA no exterior, matando Qasem Soleimani", afirmou em nota.

"Este ataque teve como objetivo impedir futuros planos de ataque iranianos. Os Estados Unidos continuarão a tomar todas as medidas necessárias para proteger nosso povo e nossos interesses, onde quer que estejam ao redor do mundo", concluiu.

De acordo com o Pentágono, Soleimani "orquestrou" ataques em bases de coalizão no Iraque ao longo dos últimos meses e aprovou os "ataques" na embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos no início desta semana.

Horas após a confirmação da morte de Soleimani, a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, que na terça-feira foi alvo de um ataque por uma multidão pró-Irã, recomendou a seus cidadãos que deixem o Iraque "imediatamente".

Aiatolá do Irã fala em vingança e premiê, em guerra duradoura

O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que vai "vingar" a morte de Soleimani e decretou três dias de luto nacional no país.

"O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos estes anos (...) Se Deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com seu sangue e a de outros mártires", afirmou Khamenei em sua conta no Twitter em farsi.

Khameni nomeou o vice de Qasem Soleimani, o general Esmail Ghaani, como novo chefe das Forças Quds. O programa da força "permanecerá inalterado em relação ao período de seu antecessor", afirmou o aiatolá.

O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdel Mahdi, afirmou nesta sexta-feira que o ataque vai "desencadear uma guerra devastadora no Iraque". "O assassinato de um comandante militar iraquiano que ocupava um posto oficial é uma agressão contra o Iraque, seu Estado, seu governo e seu povo", afirmou.

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