Bolsonaro diz que ataque dos EUA 'afetará' preço de combustíveis no Brasil
Resumo da notícia
- Comandante da força Quds do Irã, Qasem Soleimani, foi um dos oito mortos em ataque no aeroporto de Bagdá, no Iraque
- Pentágono divulgou que ataque foi ordenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump
- Em entrevista, Jair Bolsonaro foi questionado se ataque poderia gerar aumento no preço de combustíveis. "Que vai afetar, vai", disse o presidente
- Presidente informou que procurou a Petrobras, mas não obteve respostas, e deve se pronunciar ainda hoje
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o ataque dos EUA a um comboio de militares do Irã e do Iraque que resultou na morte do general iraniano Qasem Soleimani e do chefe da milícia iraquiana, Abu Mehdi Al Muhandis, afetará o preço do petróleo no mercado internacional, o que pode repercutir no Brasil.
Na saída do Palácio da Alvorada, hoje, em Brasília, Bolsonaro afirmou que tentou falar com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a possível alta de combustíveis, mas não conseguiu. "Que vai afetar, vai", disse ele a jornalistas.
Questionado se o governo trabalha com alguma medida para conter uma possível alta dos combustíveis, o presidente afirmou: "Que vai impactar vai, mas tem que ver nosso limite aqui. Porque já tá alto o combustível, se subir complica. Agora, o que queria que vocês fizessem é mostrar pro povo duas coisas. A primeira é que eu não posso tabelar nada. Pediram para eu tabelar a carne, eu até fiz uma brincadeira, vamos tabelar a carne, a cerveja e o camarão. Já fizemos essa política no passado, não deu certo".
O dólar comercial opera hoje em alta e o petróleo disparava após o agravamento das tensões geopolíticas no Oriente Médio. Por volta das 9h35, a moeda norte-americana avançava 0,84%, a R$ 4,06 na venda. O petróleo Brent, referência no mercado internacional, subia 4,26%, a US$ 71,17 por barril. O petróleo dos Estados Unidos também tinha alta de 4,28%, a US$ 63,80 por barril.
Bolsonaro disse ainda que o ICMS afeta o preço do combustível e questionou o monopólio na distribuição.
"A questão do combustível, nós temos que quebrar o monopólio, a distribuição é ainda o que mais pesa no preço do combustível, depois o ICMS, que é um imposto estadual, não é meu. Vamos supor que aumente o combustível, os governadores vão vibrar, porque o ICMS é o mesmo percentual em cima de uma base maior, vão ganhar mais", disse o presidente.
Sobre a ação autorizada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aliado do governo brasileiro, Bolsonaro falou brevemente. "Tive algumas informações durante a madrugada e vou me reunir como general Heleno para me inteirar melhor sobre o que aconteceu."
Como foi o ataque
O ataque coordenado pelos EUA contra um aeroporto em Bagdá, no Iraque, matou Qasem Soleimani, o chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds do Irã, considerado um dos homens mais importantes do país. Além dele, ao menos outras sete pessoas morreram. Entre elas estava Abu Mahdi al-Muhandis, comandante de milícia do Iraque, apoiada pelo Irã. A milícia da qual ele fazia parte também atribuiu a morte aos EUA.
Naim Qassem, segundo na linha de comando do Hezbollah no Líbano, também seria uma das vítimas.
A Guarda Quds é uma força de elite do exército iraniano e teria sido responsável pela invasão da Embaixada dos EUA, em Bagdá, no início desta semana.
O ataque acontece na esteira de uma série de episódios que fomentaram uma escalada da tensão entre americanos e iranianos no Oriente Médio. O governo americano mencionou uma invasão à sua embaixada no Iraque como justificativa para a ação —o Irã nega contudo envolvimento na ação.
Pentágono diz que ataque foi ordenado por Trump
O Pentágono confirmou que o ataque aconteceu "sob ordens do presidente" Donald Trump. "Os militares dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal dos EUA no exterior, matando Qasem Soleimani", afirmou em nota.
"Este ataque teve como objetivo impedir futuros planos de ataque iranianos. Os Estados Unidos continuarão a tomar todas as medidas necessárias para proteger nosso povo e nossos interesses, onde quer que estejam ao redor do mundo", concluiu.
De acordo com o Pentágono, Soleimani "orquestrou" ataques em bases de coalizão no Iraque ao longo dos últimos meses e aprovou os "ataques" na embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos no início desta semana.
O presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não comentou sobre a operação. Ele apenas publicou uma imagem com a bandeira do país em sua conta no Twitter.
Horas após a confirmação da morte de Soleimani, a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, que na terça-feira foi alvo de um ataque por uma multidão pró-Irã, recomendou a seus cidadãos que deixem o Iraque "imediatamente".
Aiatolá do Irã fala em vingança e premiê, em guerra duradoura
O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que vai "vingar" a morte de Soleimani e decretou três dias de luto nacional no país.
"O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos estes anos (...) Se Deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com seu sangue e a de outros mártires", afirmou Khamenei em sua conta no Twitter em farsi.
Khameni nomeou o vice de Qasem Soleimani, o general Esmail Ghaani, como novo chefe das Forças Quds. O programa da força "permanecerá inalterado em relação ao período de seu antecessor", afirmou o aiatolá.
O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdel Mahdi, afirmou nesta sexta-feira que o ataque vai "desencadear uma guerra devastadora no Iraque". "O assassinato de um comandante militar iraquiano que ocupava um posto oficial é uma agressão contra o Iraque, seu Estado, seu governo e seu povo", afirmou.
* Com informações da Reuters e do UOL, em Brasília
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