Crise do coronavírus deve provocar contração de até 10% do PIB da UE
A União Europeia (UE) caminha para uma contração de 5% a 10% de seu PIB em 2020, disse nesta sexta-feira (24) o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton. A previsão é feita no dia que os líderes europeus pediram à Comissão Europeia para elaborar um plano de recuperação para o bloco dessa grave recessão.
O recuo do PIB "vai depender da rapidez com que a economia vai voltar a acelerar", ressaltou o comissário europeu em entrevista à TV France 2. "Hoje, na União Europeia estamos entre 5% e 10%, isto é, uma média de 7,5%. Se as coisas piorarem e se tivermos um segundo pico da epidemia, a situação pode se agravar", preveniu Thierry Breton.
O francês também analisou o acordo de princípio encontrado na quinta-feira (23), na cúpula europeia em Bruxelas. Os líderes europeus concordaram com a elaboração de um plano para relançar a economia do bloco, mas divergem ainda sobre as modalidades de seu financiamento.
Na avaliação de Breton, os pacotes de ajuda anunciados desde o início da crise do coronavírus individualmente por cada país vão obrigar os integrantes do bloco a adotar um projeto comum. "A Alemanha não tem dinheiro para financiar seu plano e terá que fazer empréstimos. A Holanda e a França estão na mesma situação. Todo mundo vai precisar de fundos", detalhou Breton.
Plano de recuperação econômica
Na quinta-feira (23), os líderes da União Europeia "concordaram em trabalhar com um fundo de recuperação específico dedicado à crise da Covid-19", declarou o chefe do Conselho, Charles Michel. A medida "é necessária e urgente" e deve ter recursos suficientes "para lidar com a magnitude da crise", pediu.
Após mais de quatro horas de teleconferência, os líderes pediram à Comissão para apresentar a proposta que seria vinculada ao orçamento do bloco, chamado de Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2021-2027. A proposta definitiva é esperada para 6 de maio, de acordo com várias fontes, ou na "segunda ou terceira semana" de maio, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.
As negociações aconteceriam ao longo de 2020 e o plano entraria em vigor, em caso de acordo, no início de 2021. Um primeiro pacote de meio bilhão de euros, já adotado para medidas de emergência, seria lançado em 1º de junho para apoiar sistemas de saúde, empresas e trabalhadores.
Agir rápido
No início da quarta cúpula à distância do bloco, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, advertiu contra "agir tarde demais" diante das consequências econômicas da pandemia. Com milhões de pessoas ainda em quarentena e grandes setores da economia parados, ela alertou que a recessão na zona do euro pode chegar a 15% no pior cenário e 9% no médio.
As divisões continuam principalmente em relação ao valor total do fundo e a maneira como concedê-lo aos países membros. Países do sul, como Espanha e Itália, defendem a opção de transferências não reembolsáveis, para não aumentar sua dívida pública já alta, superior a 95% do PIB.
Nações como a Holanda, Suécia, Áustria e Dinamarca, que acusam os membros do sul de repassar dívidas antigas, defendem os reembolsos. Esses países, assim como a Alemanha, rejeitaram a ideia de nove Estados, incluindo Itália, França e Espanha, de partilhar dívidas através da criação do chamado 'corona-bônus'.
Pragmática, a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou em entrevista coletiva que uma certa "abertura geral" traz a ideia de "encontrarmos um equilíbrio entre subsídios e empréstimos".
Bruxelas deve buscar um ponto de equilíbrio. As primeiras pistas, vazadas para a imprensa, mas negadas pela Comissão, indicam a injeção de 320 bilhões de euros nos mercados para financiar o plano e aumentar o teto de gastos de recursos próprios da QFP.
(Com informações de agências)
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