Isolamento por coronavírus levará a dura crise na América Latina, prevê FMI
Washington, 14 Abr 2020 (AFP) - A América Latina registrará uma queda acentuada de 5,2% do PIB em 2020 devido às restrições para conter o coronavírus, com praticamente todos os países em recessão e recuperação à vista até 2021, estimou o FMI na terça-feira.
De acordo com seu relatório World Economic Outlook (WEO) - em português Perspectivas da Economia Mundial-, a pandemia de coronavírus, que sobrecarregará a economia global, levando a uma contração de 3%, atingirá fortemente a região.
A queda será brutal para a América Latina: o Brasil, maior economia da América Latina, terá uma contração de 5,3%, o México de 6,6% e a Argentina - em meio à reestruturação de sua dívida - terá uma queda no PIB de 5,7%.
Nem as economias do Pacífico que estavam de boa saúde estão a salvo. O Chile terá uma queda de 4,5%, a Colômbia de 2,4% e o Peru de 4,5%.
No Equador, sob um programa do FMI e com dificuldades em cumprir com suas obrigações de dívida, a retração será de 6,3%, no Paraguai de 1% e no Uruguai, de 3%. Na Bolívia, que sofreu um convulsivo 2019 com a anulação das eleições gerais, a contração será de 2,9% e a Venezuela terá uma retração esperada de 15%.
- De crescimento baixo ao desmoronamento -De acordo com a última atualização da previsão do FMI feita em janeiro, a região estava em uma situação de crescimento pouco favorável, com uma expansão prevista para este ano de 1,6%, abaixo da média global de 3,3% em 2020.
A crise pelo novo coronavírus, que força a paralisação das atividades pra tentar impedir o avanço da doença, agrava o cenário.
A própria natureza dessa recessão difere de outras crises. Somam-se o efeito de medidas de confinamento, com o fechamento de locais de trabalho, a interrupção das redes de suprimentos, as demissões e a queda de renda.
Em meio à incerteza, os preços das matérias-primas caem ao mesmo tempo em que é travada uma guerra de preços que derrubou o preço de um barril de petróleo, prejudicando seriamente os países petrolíferos da região: Argentina, México, Brasil, Equador e Colômbia, entre outros.
O declínio da atividade industrial em todo o mundo prejudica os países que dependem da extração mineral. O índice do FMI para esse setor cairá 10,2% em 2020 e 4,2% em 2021, prevê a agência.
A esse ambiente inóspito para o crescimento adiciona-se o aperto das condições financeiras, o que é muito negativo para os mercados emergentes.
A busca por ativos seguros, como o dólar, significou um colapso das moedas locais, algumas das quais atingiram recordes mínimos e quedas acentuadas nos mercados de ações.
Segundo as previsões, a América Latina terá uma queda maior do que os mercados emergentes como um todo (-1%). Para 2021, a recuperação projetada com crescimento de 3,4% também está abaixo da média dos mercados emergentes (6,6%) e da compilação global (5,8%).
No entanto, o Fundo alertou que a recuperação no próximo ano depende "criticamente" do abrandamento da pandemia no segundo semestre de 2020, e se as restrições de mobilidade poderão ser eliminadas.
- Responder em contexto de informalidade -Em entrevista coletiva, a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, observou que fornecer recursos para pessoas carentes em economias com alto grau de informalidade, como na América Latina, é um "desafio particular".
"É preciso sair do padrão tradicional", disse a economista, explicando que esses países têm programas sociais que devem ser expandidos.
O Fundo observou que os países nos quais uma crise de saúde proporcional é combinada com dificuldades de financiamento do exterior podem precisar de ajuda bilateral ou multilateral para superar a queda e "garantir que os gastos com saúde não sejam comprometidos no difícil processo de ajuste".
O conselho do FMI confirmou na semana passada que tem uma capacidade de empréstimo de um trilhão de dólares.
"A recuperação exigirá uma forte cooperação multilateral para complementar os esforços nacionais", afirmou a entidade.
"Uma forte cooperação multilateral é essencial para superar os efeitos da pandemia, incluindo a de ajudar financeiramente países restritos que enfrentam golpes de saúde e financeiros", concluiu o relatório.
an/mr/cc
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