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Bióloga tem auxílio negado no Brasil, mas recebe ajuda do governo dos EUA

Simone morou por um ano e um mês em Center Moriches, nos Estados Unidos - Arquivo pessoal
Simone morou por um ano e um mês em Center Moriches, nos Estados Unidos Imagem: Arquivo pessoal

Daniel Leite

Colaboração para o UOL, em Juiz de Fora

08/05/2020 16h07

Uma bióloga que mora em Minas Gerais teve negado o auxílio emergencial de R$ 600 oferecido pelo governo brasileiro durante a pandemia do novo coronavírus, mas conseguiu um benefício semelhante dos Estados Unidos, onde fez estágio e morou. Ela recebeu do governo norte-americano o valor de US$ 1.200, cerca de R$ 6.900.

Simone Cristina dos Santos se mudou para Center Moriches, no estado de Nova York, em 2018, e lá ficou por um ano e um mês, até outubro do ano passado, como estagiária em uma empresa de controle de pragas de flores, com a qual tinha um contrato.

Ela retornou ao Brasil e, sem emprego na área, começou a trabalhar como recepcionista de hotel em Poços de Caldas, no sul de Minas, onde mora, mas foi demitida com a chegada do novo coronavírus ao país e o agravamento da crise econômica. Como trabalhou menos de três meses, não teve direito ao seguro-desemprego.

A saída foi tentar o auxílio emergencial de R$ 600, do governo federal. Simone fez o pedido pelo aplicativo, mas teve a solicitação negada. "Não sei o motivo. Só entrei no aplicativo e vi que foi negado".

Desempregada e sem a verba do governo brasileiro, no dia 15 do mês passado a bióloga resolveu fechar a conta que mantinha aberta da época em que morou nos Estados Unidos. Foi quando viu o depósito de US$ 1.200 do benefício do governo de lá. "Sorte que deixei a conta aberta e, quando fui fechar, vi o saldo. Eu não sei se foi a companhia onde eu trabalhei que pediu, só sei que estava lá."

Outros colegas dela também receberam o benefício. "Nessa empresa onde eu trabalhei, trabalharam vários estudantes de vários países. E todos me disseram que receberam também."

Um alívio para as finanças pessoais de Simone misturado com desapontamento em relação ao Brasil. "Eu fiquei bem chateada e mais frustrada por saber que tinha direito ao benefício do governo americano, mas aqui o auxílio foi negado e eu ficaria na mão se não fosse esse dinheiro dos Estados Unidos", disse.

Agora, pretende guardar o dinheiro para as despesas pessoais até que as lojas na cidade reabram e ela possa começar a trabalhar em um estabelecimento onde diz já ter emprego garantido.

O UOL procurou o Ministério da Cidadania para saber o motivo de o auxílio emergencial no Brasil ter sido negado, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. A assessoria de imprensa informou que está com alta demanda por causa do benefício e aguardava uma resposta do setor técnico com a explicação sobre o caso da bióloga.