Preços dos combustíveis caem 9,6% e puxam deflação em abril, diz IBGE
A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou abril em -0,31%, puxado por uma queda de 9,59% no preço dos combustíveis no país.
O resultado, uma queda nos preços, é a menor variação mensal desde agosto de 1998, quando o IPCA foi de -0,51%. Em março, o índice ficou em 0,07%. No acumulado do ano, o IPCA registrou 0,22% e, nos últimos 12 meses, ficou em 2,4%.
Com isso, a inflação fica abaixo da meta do governo para este ano, que é de 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, ou seja, podendo variar entre 5,5% e 2,5%.
Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
As paralisações e o isolamento adotados como medida de contenção do novo coronavírus, bem como a queda do petróleo no mercado internacional vêm registrando pressões divergentes na inflação brasileira.
Ao mesmo tempo em que a menor procura contribui para reduzir os preços dos combustíveis, os custos de alimentação passaram a subir mais.
Combustíveis puxaram deflação
O grupo Transportes, que teve queda de 2,66%, apresentou o maior impacto negativo no IPCA de abril, de -0,54 ponto percentual (p.p.). O recuo de 9,59% nos preços dos combustíveis foi influenciado pela redução de 9,31% na gasolina, que exerceu o maior impacto individual negativo no índice do mês, de -0,47 p.p.
A gasolina registrou deflação em todas as 16 regiões pesquisadas, sendo a maior em Curitiba (-13,92%) e a menor no Rio de Janeiro (-5,13%). O etanol (-13,51%), o óleo diesel (-6,09%) e o gás veicular (-0,79%) também apresentaram queda em abril.
O resultado de abril foi muito influenciado pela série de reduções nos preços dos combustíveis, principalmente da gasolina, que caiu bastante e puxou o índice para baixo
Pedro Kislanov, gerente da pesquisa de IPCA
No período de coleta, houve dois anúncios de diminuição no preço da gasolina: no dia 28 de março, de 5%, e no dia 20 de abril, de 8%, informou o IBGE.
O grupo dos artigos de residência apresentou a segunda maior variação negativa no índice do mês, com queda de 1,37%. Ainda se destacam as quedas de 0,22% de saúde e cuidados pessoais, 0,14% de despesas pessoais, 0,2% de comunicação e 0,1% em habitação.
Alimentos 1,79% mais caros
Na outra ponta, o grupo alimentação e bebidas acelerou a alta de 1,13% em março a 1,79% em abril, com a alimentação no domicílio subindo 2,24%, de 1,4% no mês anterior.
Os destaques entre as altas ficaram para cebola (34,83%), batata-inglesa (22,81%), feijão-carioca (17,29%) e leite longa vida (9,59%).
"Estamos sentindo esse efeito da pandemia, vimos pressão sobre alimentos em sentindo de alta", completou Kislanov. "Teve menor oferta de produtos também em abril por problemas climáticos, e maior demanda das pessoas que estão em casa confinadas."
IBGE suspende coleta de dados presencial
Por causa da pandemia do coronavírus, o IBGE suspendeu a coleta de preços presencial nos locais de compra, referente aos índices de preços do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (IPCA, IPCA-15, IPCA-E e INPC).
Juros x inflação
Para tentar controlar a inflação, o Banco Central pode usar a taxa de juros. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e estimular a queda de preços. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para impulsionar o consumo.
Na última reunião, o Comitê de Política Monetária do BC decidiu reduzir taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, de 3,75% para 3% ao ano. É a menor taxa desde que o Copom foi criado, em 1996.
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