Candidatos não eleitos aparecem como políticos e não conseguem os R$ 600
Por causa de um erro no sistema, o auxílio emergencial está sendo negado a pessoas que se candidataram ao cargo de vereador mas que não foram eleitas.
Por lei, quem tem mandato eletivo ou trabalha na administração pública não pode receber a ajuda de pelo menos R$ 600 por mês. No entanto, candidatos de 2016 atualmente desempregados estão ficando sem o dinheiro —o sistema alega que eles foram eleitos ou que exercem cargo público.
A responsável por aprovar ou reprovar os cadastros do auxílio emergencial é a Dataprev. Até a publicação desta reportagem, a empresa pública não se manifestou sobre o erro ou explicou qual banco de dados ela verifica para saber se a pessoa trabalha na administração pública.
Sem mandato nem auxílio
Candidato a vereador pelo PSOL em Porto Alegre nas eleições de 2016, Roberto Seitenfus recebeu apenas 189 votos. "Não fiquei nem como suplente", diz.
Roberto afirma que praticamente não fez campanha e que não exerceu nenhum cargo público. "Eu sou professor e não tenho contrato formal." O extrato da carteira de trabalho digital confirma que ele não tem registro de emprego ativo.
Ele se cadastrou para receber o auxílio emergencial logo no primeiro dia em que o aplicativo da Caixa foi disponibilizado, em 7 de abril. No dia 22, o pedido foi negado porque, segundo a análise da Dataprev, Roberto seria agente público e teria emprego com carteira assinada.
Erisvaldo de Oliveira está na mesma situação. Concorrendo pelo PSL em 2016, "Valdinho Belo Cruzeiro" recebeu apenas 86 votos e ficou de fora da Câmara de Mucuri (BA).
O último trabalho registrado em carteira foi de motorista, com o vínculo encerrado em agosto de 2015. Mas o aplicativo de cadastro no auxílio emergencial afirma que ele não pode receber porque exerce mandato eletivo e tem emprego registrado.
Revisão do cadastro não funcionou
A Caixa afirmou que pessoas com o auxílio negado poderiam refazer o cadastro pelo aplicativo do banco para pedir uma nova avaliação. No entanto, essa opção não funcionou para os ex-candidatos a vereador.
Quando tentam abrir um novo pedido, o sistema diz que o CPF deles já está registrado e não permite editar os dados.
"Não tem nenhum mecanismo para contestar, não abre nada. Já fui pessoalmente na Receita e na Caixa, ambos afirmam que no sistema está ok, sem nenhuma restrição", afirmou Roberto.
"Erram e não dão opção para que eu faça de novo", disse Valdinho, que espera uma solução em breve para o problema.
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