"Vai faltar dinheiro para pagar servidor público", diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje, na saída do Palácio da Alvorada, que vai faltar dinheiro para pagar servidores públicos por causa dos efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia.
Vai faltar dinheiro para pagar servidor público. E ainda tem servidor, alguns, achando que tem a possibilidade de ter aumento este ano ou ano que vem. Não tem cabimento, não tem dinheiro.
Presidente Jair Bolsonaro
No momento, Bolsonaro analisa um projeto de lei de socorro aos estados e municípios, já aprovado pelo Congresso, que abre a possibilidade de reajuste para algumas categorias de servidores, como policiais. O presidente já deu sinais de que deve vetar esta previsão.
No entanto, foram os próprios deputados da base governista, incluindo o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), que articularam para incluir essa possibilidade no texto. O deputado chegou a dizer que é "líder do governo, e não líder de qualquer ministério", em referência ao Ministério da Economia. O ministro Paulo Guedes é contra permitir reajustes do funcionalismo.
O Major Vitor Hugo contou que, durante a votação na Câmara, conversou com Bolsonaro, que deu a ele a ordem. "Faça dessa maneira e vamos acompanhar esses profissionais que estão na ponta da linha", teria dito o presidente.
Ontem, o Senado aprovou um projeto que autoriza aumento salarial para as forças de segurança do Distrito Federal, o que abre caminho para Bolsonaro vetar, no projeto de auxílio aos estados, a possibilidade de aumento para categorias do funcionalismo. O presidente teria concordado em aguardar a votação do aumento no DF para então decidir sobre o projeto de ajuda aos estados, a pedido do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).
Presidente volta a criticar governadores
A declaração de Bolsonaro sobre os servidores ocorreu hoje, em meio a um pronunciamento no qual voltou a reclamar das medidas restritivas impostas por governadores e prefeitos para conter o avanço do novo coronavírus.
O presidente disse que o Brasil está "virando um país de pobres". Ele não apresentou nenhum dado sobre pobreza ou desigualdade de renda para embasar sua afirmação. Segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) divulgadas em outubro do ano passado, o rendimento médio mensal de trabalho da população brasileira 1% mais rica foi quase 34 vezes maior que da metade mais pobre em 2018. Enquanto a parcela de maior renda arrecadou R$ 27.744 por mês, em média, os 50% menos favorecidos ganharam R$ 820.
Bolsonaro também disse que trabalhadores informais e com carteira assinada também estão sofrendo com os impactos econômicos.
"O Brasil está quebrando, e depois que quebrar não é como alguns dizem, que a economia se recupera. Não se recupera. Vamos ser fadados a viver como um país de miseráveis", afirmou.
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