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Economistas criticam restrição para transferir R$ 600 ao banco do cliente

Antonio Temóteo

Do UOL, em Brasília

27/05/2020 16h38

A decisão da Caixa de proibir a transferência automática do auxílio emergencial de R$ 600 para contas de outros bancos e fintechs foi criticada por economistas ouvidos pelo UOL.

Quem receber a segunda parcela do auxílio terá que esperar entre 10 e 18 dias para poder sacar o dinheiro ou transferi-lo para outra conta depois. Nesse meio tempo, o dinheiro só pode ser usado para pagamento de contas e boletos ou para compras por meio de cartão de débito virtual.

A segunda parcela será paga para todos que têm direito em uma poupança digital aberta na Caixa, inclusive para aqueles que indicaram uma conta em outro banco na hora do cadastro.

Burocracia atrapalha, diz economista

O economista Carlos Alberto Ramos, professor da UnB (Universidade de Brasília), afirmou que a medida é ruim porque muitas famílias estão sem renda e não há facilidade para comprar itens básicos, como alimentos, por meio do Caixa Tem.

Segundo ele, o governo deveria autorizar que outras instituições financeiras, como fintechs, façam a operação e o pagamento do auxílio emergencial. Empresas ágeis e dinâmicas deveriam ser parceiras da Caixa nesse projeto, afirmou Ramos.

"A Caixa não foi criada para isso. Tem uma estrutura burocrática. É fácil fazer uma analogia com o FGTS. A Caixa tem o monopólio e se você precisa sacar o FGTS depende da boa vontade do burocrata que te atende. O auxílio emergencial e o FGTS precisam ser operados também por concorrentes", declarou.

Restrição é ruim, afirma especialista

O economista José Márcio Camargo, professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, afirmou que qualquer restrição diminui o bem-estar da população. Entretanto, ele declarou que a medida pode ajudar a reduzir o número de fraudes.

"Pessoas que não deveriam ter acesso ao dinheiro se inscrevem e tentam sacar ou transferir o dinheiro. Isso pode diminuir com a decisão da Caixa. Mas qualquer restrição é ruim para a população", disse.

Mais de 50 bancos receberam transferências de recursos do auxílio emergencial, com base em dados da Caixa. Até 4 de maio, cerca de 3,5 milhões de beneficiários indicaram contas de outros bancos para o recebimento do auxílio. No total, esses clientes receberam aproximadamente R$ 2,3 bilhões.

Os maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) lideram o ranking de instituições que receberam recursos. O Banco do Brasil é o primeiro. O PagBank, do grupo UOL, está em oitavo lugar, entre os que mais tiveram depósitos.

Procurada, a Caixa informou que a restrição na transferência do auxílio emergencial foi tomada para evitar aglomerações nas agências e contribuir para "observância das medias de proteção à saúde da população".