RS tem "caça-gafanhotos" no campo para monitorar avanço de nuvem de insetos
Uma verdadeira operação de guerra foi montada em solo gaúcho para monitorar uma nuvem com milhões de gafanhotos que está na Argentina, próximo do Rio Grande do Sul. Mais de 400 aviões foram colocados à disposição e até mesmo 11 profissionais "caça-gafanhotos" foram colocados no campo para monitorar os insetos, que têm potencial para destruir em segundos plantações e depenar árvores.
Também chamados de sentinelas, os "caça-gafanhotos" são engenheiros agrônomos ligados ao governo estadual, que agora mantêm os olhos atentos ao céu e para as condições climáticas. Mesmo remota, há a possibilidade de ocorrer uma inversão nos ventos e a nuvem de insetos vir direto para o Rio Grande do Sul e provocar estragos incalculáveis. Por isso, os 11 técnicos não têm data para ser desmobilizados, mesmo com o registro de chuva e queda nas temperaturas nos últimos dias.
"No caso dos gafanhotos, estaremos monitorando até o Senasa (agência governamental da Argentina) informar a dissipação da nuvem e, posteriormente, se houver condições climáticas propícias ao surgimento de focos relacionados", afirmou Ricardo Felicetti, chefe do Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria de Agricultura do Estado.
Os "caça-gafanhotos" trabalham em duplas ou de maneira individual, visitam propriedades rurais e acompanham a apreensão dos agricultores em relação à proximidade dos insetos.
O engenheiro agrônomo Kleiton Saggin, 39, está na região de Santa Rosa, a 485 quilômetros de Porto Alegre. "Não há pânico, mas o pessoal está preocupado e apreensivo, até porque o interior está sofrido com a estiagem, que trouxe impactos às culturas de milho, soja e leite. Caso os gafanhotos ingressassem no estado, seria um impacto muito grande na produção agrícola. Recém o pessoal plantou o trigo e poderia atingir as pastagens", disse o técnico.
A chuva registrada nos últimos dias trouxe tranquilidade para os produtores, segundo Saggin. "O prognóstico que se tinha inicialmente acabou se confirmando, que não iria favorecer a entrada dos gafanhotos no Brasil."
Antes da nuvem de gafanhotos, os servidores trabalhavam na fiscalização agropecuária, como do uso de agrotóxicos nas plantações. De acordo com a Afrago (Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul), há 69 agrônomos e engenheiros florestais em atuação como fiscais agropecuários na área vegetal no estado. Por enquanto, está descartada a possibilidade de designação de mais servidores para atuar como "caça-ganhotos". "Por enquanto os que estão em campo são suficientes", observou Felicetti.
Nuvem continua na Argentina
A nuvem de gafanhotos continua na província de Corrientes, na Argentina. Entretanto, segundo o Senasa (Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar argentino) não se sabe a localização exata, já que os insetos estão em local de difícil acesso.
Conforme Felicetti, a queda nas temperaturas —também registrada no país— diminuiu o metabolismo dos insetos, que gostam de tempo seco e quente. "Agora estão em situação de recolhimento", disse.
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