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Nuvem de gafanhotos pode seguir em direção ao Uruguai, aponta estudo

Hygino Vasconcellos*

Colaboração para o UOL, de Porto Alegre

20/07/2020 21h16Atualizada em 20/07/2020 21h50

Um estudo indica que a nuvem de gafanhotos que está na Argentina pode se deslocar para o norte do Uruguai e, com isso, não rumar em direção ao Rio Grande do Sul. Os pesquisadores levaram em conta a direção dos ventos e consideraram três velocidades distintas de deslocamento dos insetos. Nos três cenários, o aglomerado de gafanhotos não chegaria ao Brasil.

O trabalho foi realizado pelo Grupo de Pesquisa de Dispersão de Poluentes e Engenharia Nuclear da UFPel (Universidade Federal de Pelotas). A projeção vale até a próxima quarta-feira (22), quando ocorre a chegada de uma área de instabilidade no Uruguai que pode provocar mudança nas condições climáticas na região e na direção dos ventos.

Hoje, o aglomerado de gafanhotos está a 112 quilômetros de Barra do Quaraí (RS). O chefe do Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria de Agricultura do Estado, Ricardo Felicetti, torce para que as projeções da UFPel estejam corretas, já que a nuvem está no ponto mais próximo do RS desde junho. "O estudo é válido, mas ainda permanece o risco de ingressos desses insetos aqui no estado", observa.

A velocidade dos gafanhotos

Segundo os pesquisadores da universidade federal, levou-se em conta a direção dos ventos, já que esse é o critério que determina o deslocamento da nuvem em 80% dos casos.

A pesquisa indica que os gafanhotos se deslocaram em três velocidades: 40 km/dia, 80km/dia e 150 km/dia. Na primeira situação, os insetos se movimentariam até próximo de Concórdia, na Argentina, na fronteira com o Uruguai, e a 140 quilômetros de Barra do Quaraí, no RS. Na segunda possibilidade, os gafanhotos avançariam até a cidade uruguaia de El Eucaliptus, a 200 quilômetros do RS. Na última projeção, os insetos poderiam atingir a cidade de Villa del Carmem, no Uruguai, a 270 km das cidades gaúchas de Aceguá e Jaguarão.

Os pesquisadores salientam que as projeções são matemáticas e se aproximam da realidade, mas podem conter erros. "A trajetória pode ser alterada de acordo com mudanças devidas ao deslocamento da espécie, além de mudanças climatológicas como chuva e frio", destacaram.

No último boletim, na noite de domingo, o Senasa (Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar argentino) informou que a nuvem ingressou na província (equivalente a Estado) de Entre Ríos e que está a cerca de três quilômetros a leste da cidade de San José de Feliciano.

De acordo com o órgão, há a possibilidade de o número de insetos ter diminuído, sem estimar em quanto. Inicialmente, apontava-se a presença de 400 milhões de gafanhotos nesta nuvem.

Produtores gaúchos monitoram também o deslocamento de outra nuvem de insetos no Paraguai. A nuvem está no norte do país, cerca de 300 km distantes da Argentina, segundo o Senasa. Os técnicos do Senave (Serviço Nacional de Saúde e Segurança Vegetal do Paraguai) tentam localizar os insetos para aplicação de produtos químicos.

*Com Estadão Conteúdo