Funcionários da Embraer aprovam greve e exigem fim de supersalários
Os trabalhadores da Embraer aprovaram hoje, em assembleia, o início de uma greve após 2.500 demissões anunciadas pela empresa. Como a legislação brasileira proíbe a demissão de grevistas, os cortes não poderão ser realizados. O sindicato dos metalúrgicos e engenheiros de São José dos Campos (SP), onde é sediada a empresa, organizou a assembleia em frente à matriz.
Mais cedo, a Embraer anunciou a demissão direta de 900 trabalhadores. Os cortes se somariam a outros 1.600 demitidos por meio de três PDVs (Programas de Demissão Voluntária).
Os funcionários também aprovaram proposta para que sejam equalizados os altos salários de executivos da empresa, e que o limite máximo passe a ser de R$ 50 mil. Ao fim da assembleia, a empresa convocou os sindicalistas para uma reunião.
Ao UOL, a Embraer disse que o sindicato "falseia e manipula dados claros com o intuito de confundir a opinião pública" em relação aos salários dos executivos da empresa (leia a íntegra da resposta da empresa mais abaixo).
Sindicato questiona supersalários
De acordo com o sindicato, há três salários superiores a R$ 1 milhão por mês na empresa. Um deles chega a R$ 2.170.666,62 e seria de um conselheiro. Há ainda, afirmam, o registro de 46 salários superiores a R$ 100 mil e 127 superiores a R$ 50 mil (segundo dados de abril).
Cálculo realizado pelo Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos), divulgado pelo sindicato, mostra que a massa salarial de 170 funcionários do alto escalão da Embraer pagaria os ordenados de 2.553 trabalhadores.
Os trabalhadores também reivindicam o cancelamento de todas as demissões e estabilidade no emprego.
"A decisão já foi tomada pelos trabalhadores e será apresentada à Embraer. A deflagração da greve é um grande passo na luta em defesa dos empregos", afirmou o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos Herbert Claros, em nota divulgada à imprensa.
O que diz a Embraer
Sobre a questão dos supersalários, a Embraer disse em nota ao UOL que o sindicato "falseia e manipula" dados com intuito de "confundir a opinião pública".
"O sindicato trata como salário números que também englobam bônus por desempenho, incentivos de curto e longo prazo, cujo pagamento é anual, como se fossem salário mensal. Não há qualquer salário ou remuneração mensal que corresponda aos valores citados", afirmou.
Na mesma nota, a empresa acrescentou que "o mês selecionado pelo sindicato para manipular essas informações é o mês no qual se consolidam e se fazem os desembolsos dos incentivos de remuneração variável de curto e longo prazo".
"O sindicato faria por bem procurar as fontes oficiais de informação publicadas anualmente por todas as empresas de capital aberto e que trazem as informações corretas", finalizou.
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