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Bolsonaro faz evento para exaltar auxílio, mas alerta: 'Não é para sempre'

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

09/10/2020 10h55

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a dizer hoje que o auxílio emergencial "não é para sempre" e que o benefício criado para socorrer os brasileiros cuja renda foi mais afetada pela pandemia do coronavírus é "caro demais para a União".

As declarações ocorreram durante agenda na Ilha do Marajó, no Pará, onde o governante fez do auxílio uma bandeira de seu governo. A estratégia já vinha sendo observada em viagens realizadas anteriormente, uma espécie de rali eleitoral que o político iniciou há alguns meses de olho na reeleição em 2022.

A cerimônia de hoje ocorreu na cidade de Breves, que faz parte do arquipélago paraense. Em tom mais afetivo, Bolsonaro disse ser apaixonado pelo povo local e chegou a fazer um trocadilho com o nome do município: "Até breves".

Ao falar sobre o auxílio emergencial, o presidente adotou tom paternalista e pediu à população: "Tenham isso na cabeça". "O auxílio emergencial não é para sempre (...) até porque é caro demais para a União. É pouco para quem recebe, reconheço, mas caro demais para a União", declarou ele durante evento para divulgar a instalação de uma rede 4G na região.

O auxílio emergencial, benefício pago aos cidadãos que tiveram maior impacto de renda em decorrência da pandemia, é uma das circunstâncias que proporcionaram a Bolsonaro o aumento recente de popularidade e dos índices de aprovação do governo.

Isso tem sido observado, de acordo com as pesquisas, em especial no Nordeste. A região possui parcela majoritária de beneficiários de programas sociais e é tradicionalmente taxada de reduto eleitoral do PT, partido adversário do atual presidente.

O presidente apareceu em Breves ao lado da mulher, Michelle Bolsonaro, e de ministros de estado, parlamentares paraenses e aliados. A presença da primeira-dama nas viagens do marido não é comum. A anfitriã da solenidade, a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), é muito próxima a Michelle.

Além de Damares, o ministro das Comunicações Fábio Faria (PSD-RN), o ministro de Estado de Minas e Energia Bento Albuquerque e o ministro do Turismo Álvaro Antônio estavam presentes.

Bolsonaro vira 'atendente' da Caixa

Mais cedo, Bolsonaro visitou a agência-barco da Caixa Econômica Federal responsável pelo atendimento na Ilha do Marajó. Durante a atividade, ele encarnou o papel de atendente e, ao lado do presidente do banco, Pedro Guimarães, auxiliou no guichê um casal beneficiário do auxílio emergencial.

Bolsonaro e Guimarães não usavam máscaras, segundo é possível observar nas imagens transmitidas pelos canais oficiais de comunicação. Por outro lado, praticamente todos os outros presentes na agência-barco durante a agenda estavam com o item de proteção, fundamental na prevenção ao coronavírus.

Inaugurada em 2014, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a agência-barco da Caixa está atracada no porto da cidade de Breves.