Calotes de empresas e famílias podem aumentar no fim do ano, diz BC
O BC (Banco Central) alertou que teme um aumento de calotes de empresas e famílias no fim de 2020 e no início de 2021 após o fim do prazo de pausa no pagamento de parcelas de empréstimos renegociados. As informações fazem parte do Relatório de Estabilidade Financeira, publicado hoje pelo BC.
O documento informou que a pandemia do coronavírus teve como consequência o aumento do desemprego e a queda na confiança dos consumidores. Com isso, o comprometimento de renda das famílias aumentou ainda mais e se aproximou do nível mais alto da história, observado em 2015.
"Assim como no crédito a empresas, esse expressivo volume de repactuações pode estar postergando a materialização do risco de crédito para o final de 2020 e início de 2021, uma vez que parte dos tomadores pode não conseguir honrar os termos dos contratos repactuados", informou o BC.
Redução na concessão de crédito
Com mais desemprego e aumento do comprometimento de renda, o BC afirmou que houve uma queda significativa na concessão de crédito para as famílias, sobretudo para o financiamento de veículos e no uso do cartão de crédito.
"Em relação à variação do estoque, o crédito imobiliário foi a única modalidade que ganhou fôlego no primeiro semestre de 2020. Embora todas as modalidades de crédito às famílias mostrem sinais de recuperação a partir de junho de 2020, a expectativa é de crescimento inferior ao previsto antes da pandemia, em razão da postergação de gastos 'não essenciais' relacionados ao consumo", informou o relatório
Os dados do BC mostram que um quarto do total de crédito emprestados para as famílias foi renegociado com os bancos e mais da metade dos empréstimos eram contratos de financiamento imobiliário.
Além disso, o BC informou que as renegociações ocorreram principalmente no crédito para pessoa física, com rendimento mensal de até cinco salários-mínimos, aproximadamente 30% da carteira de crédito renegociada. E no crédito a empresas de micro e pequeno porte, com cerca de 35% da carteira renegociada.
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