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Ian Black, da New Vegas: Marcas têm receio de falar sobre diversidade

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/01/2021 04h01

A polarização política fez com que marcas se afastassem de questões relevantes da sociedade, como a diversidade? Para falar sobre este e outros assuntos, o podcast Mídia e Marketing desta semana recebe Ian Black, CEO da agência New Vegas.

"As marcas têm receio de tratar de diversidade. Mas não gosto de atribuir somente às marcas a responsabilidade disso. O tema sempre foi renegado. É o que chamo de um "analfabetismo racial", que faz com que haja uma inabilidade de entendimento da complexidade da questão racial. As marcas precisam ter consciência da sua responsabilidade e precisam de pessoas capazes de liderar mudanças" (no arquivo acima, este trecho está a partir de 15:07).

Para o executivo, entretanto, a polarização política é positiva para se ampliar o debate sobre o assunto. "A polarização política evidencia o racismo, o machismo, o sexismo, a transfobia. O próximo passo é dialogar sobre isso. Esse diálogo é inescapável. Eu consigo olhar para essa polarização de um jeito positivo, porque ela nos possibilita não fugir deste debate" (a partir de 12:39).

"A internet possibilitou que as vozes negras se manifestassem, se posicionassem com muita força e relevância, criando um nível de influência sem precedente. Estamos criando gerações de pessoas que estão sendo formadas a partir disso. As novas gerações da publicidade já têm pessoas pretas como exemplo, que têm uma visão de mundo que escola nenhuma vai ensinar" (a partir de 5:35).

O executivo também fala sobre como enxerga os novos formatos de trabalho das agências de publicidade. "O tipo de modelo é muito pouco inovador. E eu digo isso da minha própria agência. Elas não são instituições de inovação. Temos que lidar com essa realidade" (a partir de 9:58).

Entretanto, Ian afirma 'ter orgulho' de trabalhar com isso. "Eu sou agência sim, com muito orgulho. Acredito no meu modelo. Não posso simplesmente desistir e deixar o modelo fechado, um modelo que tem ficado cada vez mais inadequado nos tempos de hoje, não só em termos de negócios, mas também em termos culturais" (a partir de 25:28).

Ian também cita uma série de pessoas/perfis que inspiram seu dia a dia, como o jurista Sílvio Almeida, Professor Vicente Góes, Maitê Lourenço, Neon Cunha e o músico Thiago França. Dentro da publicidade e do marketing, ele indica nomes como Túlio Custódio, Samantha Almeida, Dudu Camargo, André Passamani, Chiara Martini, Gabi Moura e Joana Mendes (a partir de 33:48).