Diversidade dá lucro, dizem criadores de programa de trainees do Magalu
Empresas que possuírem equipes mais diversas, com profissionais de formações, culturas, gêneros e raças diferentes, vão oferecer melhores serviços e produtos para o público.
Quem afirma isso é Margareth Goldenberg, sócia da consultoria em responsabilidade social que leva seu nome. A executiva foi uma das organizadoras da seleção de trainees negros do Magazine Luiza, encerrado no final do ano passado. A abertura do programa para os escolhidos aconteceu na última segunda-feira (11).
O processo foi alvo de ataques nas redes sociais por aceitar apenas inscrições de candidatos negros. Este ano, a seleção recebeu o número recorde de 22 mil inscrições. Por causa da qualidade dos inscritos, a empresa resolveu selecionar 19 profissionais para as vagas, em vez dos 10 previstos no lançamento do processo.
O projeto da seleção nasceu da parceria entre as consultorias Indique Uma Preta e Goldenberg, Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) e Universidade Zumbi dos Palmares, com participação da 99Jobs.
Times plurais resultam em inovação e criatividade. A diversidade traz uma riqueza maior de soluções. Além da justiça social, há a dimensão de diferencial competitivo para os negócios. Um ambiente plural e inclusivo faz a diferença --e essas duas palavras são extremamente importantes.
Margareth Goldenberg
Para Tom Mendes, gerente geral do ID_BR, que também participou do projeto, é importante reforçar ações propositivas e afirmativas como a do Magalu.
Diversidade gera novas ideias, novos negócios e novas culturas. Diversidade melhora o clima interno e derruba barreiras. As empresas precisam ver que diversidade também gera lucro.
Tom Mendes
Segundo uma pesquisa da McKinsey, as empresas com maior pluralidade em suas equipes alcançam resultados até 21% maiores do que aquelas em que a questão não é uma prioridade.
Mudança causa impacto nas empresas
Diversidade tem o poder de mudar o ponteiro dos negócios das companhias
Daniele Mattos
Para Daniele Mattos, a diversidade causa impacto no negócio. "As empresas precisam enxergar a potência em narrativas diferentes, também. Pode parecer clichê, mas a inovação é importante, sim. E isso faz com que a empresa democratize seu negócio."
Ela dá o exemplo de um dos aprovados no processo de seleção do Magazine Luiza. "Um dos aprovados nos disse que entrou no programa porque a empresa não entregava produtos na casa dele, por ser uma área mais vulnerável. Isso é ajudar a mudar o pensamento da empresa", afirma.
Processo seletivo diferenciado
A Indique Uma Preta é uma plataforma de conexões entre mulheres negras e o mercado de trabalho, com cerca de 6.000 mulheres. No processo do Magazine Luiza, a consultoria também atuou na identidade visual e no tom de voz da comunicação com os candidatos.
"Um processo desses não pode ter muitos estrangeirismos, nem expressões muito técnicas. Além disso, não pode exigir um alto nível de inglês nem a formação em faculdades específicas", declara Danielle.
O ID_BR, por sua vez, foi responsável por treinamentos de preparação dos executivos do Magazine Luiza para a seleção dos profissionais no programa de trainees.
"Treinamos os profissionais que selecionariam os candidatos, abordando desde as questões mais básicas até explicar os vieses do racismo no Brasil, passando pelas expressões e nomenclaturas", diz Tom.
Trainees terão acompanhamento durante programa
A Indique Uma Preta será a responsável pelo acompanhamento dos trainees durante o ano. "Isso reforça que a preocupação com a diversidade não termina na contratação. O acompanhamento é importantíssimo e fundamental para que o processo não vulnerabilize as pessoas que foram contratadas, nem os gestores que trabalharão com elas", diz a fundadora da Indique uma Preta.
Margareth Goldenberg ressalta que o processo do Magazine Luiza teve sucesso porque a empresa já era conhecida como diversa e inclusiva. "Não foi uma ação desconectada. O que vimos foi uma continuidade do trabalho que já vem sendo feito. Outras empresas já abriram formatos assim, mas nunca tiveram tantos currículos recebidos", diz.
"Precisamos de ações afirmativas, como a do Magazine Luiza, para que mais pessoas venham participar das empresas que buscam pluralidade", diz Margareth.
Censo motivou seleção exclusiva de negros
Goldenberg desenvolve o projeto de diversidade com o Magazine Luiza há dois anos. Segundo a executiva, o primeiro passo foi um censo, realizado em 2019, dentro da empresa. O estudo apontou que 53% dos funcionários da companhia eram negros —mas só 16% estavam em posições de liderança.
"Este processo de trainees, por exemplo, foi uma ação tática a partir do nosso planejamento. Contratar trainees negros é uma maneira mais rápida de contratar profissionais que podem chegar aos cargos mais altos da empresa", afirma.
A consultoria de Margareth trabalha com empresas como Vivo, Santander, Globo, Raia Drogasil, Suzano e Eurofarma. Segundo a executiva, a empresa cresceu entre 30% e 40% no ano passado.
"O ano de 2020 foi um marco importante no avanço do debate nas empresas sobre diversidade e inclusão. A pandemia aproximou as pessoas de questões empáticas. Isso foi empoderando e conscientizando a sociedade toda", diz.
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