Orçamento que está com Bolsonaro é 'inexequível', diz órgão do Senado
O diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente do Senado, Felipe Salto, voltou hoje a apontar problemas no Orçamento de 2021 que, segundo ele, não cabe no teto de gastos, já que a União tem despesas obrigatórias a cumprir ao longo do ano. Para ele, o Orçamento atual é "inexequível".
"Esse texto que está agora na Presidência da Repúlica é inexequível. Na verdade você teria que abrir mão de executar despesas como pagamentos de aposentadoria, e outros gastos que foram cortados, como seguro desemprego, o que tornaria o quadro inviável.", explicou ele hoje em entrevista à GloboNews.
Salto disse que foram feitos cortes de gastos importantes no atual Orçamento, como por exemplo uma previsão do Governo de gastar R$ 690 bilhões com a Previdência, enquanto o órgão independente projetou R$ 704,5 bilhões destinados a estes pagamentos. Para ele, uma falta de comunicação entre a Comissão Mista do Orçamento e o Executivo causaram essa distorção.
"O que é preciso esclarecer é que o aumento que foi feito nas emendas parlamentares simplesmente não cabe nas contas, é uma questão matemática.", disse. "Na prática, quando as despesas obrigatórias forem acontecendo, elas terão que ser executadas, e essas despesas discricionárias vão ter que ser cortadas", acrescentou.
Críticas de Paulo Guedes
No fim de março, o ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou a Instituição Fiscal Independente e contestou as projeções pessimistas do órgão para a economia brasileira.
"A IFI disse que nós iríamos furar o teto no primeiro ano, que nós iríamos furar o teto no segundo ano, que a dívida iria chegar a 100% do PIB. Acho que a IFI tem previsões muito fracas, tem trabalhado muito mal.", disse o ministro durante uma audiência em comissão do Senado sobre a pandemia da covid-19 no país.
Na ocasião, Guedes chegou a sugerir a troca de Salto, que é o responsável pelo órgão.
"Acho até que o Senado deveria rever um pouco quem é que lidera a IFI, porque, aparentemente, é um economista que tem errado dez em cada dez [previsões]", acrescentou o ministro.
Após a declaração de Guedes, Paulo Saito lamentou "o ataque pessoal" feito a ele.
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