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Golpe promete emprego, mas rouba dados e dinheiro; saiba se proteger

Nivaldo Souza

Colaboração para o UOL, de São Paulo

23/06/2021 04h00

A alta taxa de desemprego no país e o desejo de muitas pessoas de trabalhar em home office potencializaram um formato específico de golpe: os anúncios de falsas vagas de emprego. O objetivo dos golpistas é roubar dados pessoais, clonar celulares e conseguir dinheiro das vítimas.

Os criminosos enviam mensagens por aplicativos como WhatsApp e Telegram e usam sites de vendas de objetos pessoais, como OLX. Em alguns casos, eles se passam por recrutadores de agências tradicionais de empregos.

O golpe da falsa vaga de emprego cresceu 194% nos cinco primeiros meses de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento do laboratório de cibersegurança da PSafe.

Neste ano, cerca de 346,5 mil pessoas foram alvo de golpistas prometendo emprego rápido e, geralmente, com salários e benefícios acima da média de mercado.

O Instituto Reclame Aqui também registrou aumento de queixas envolvendo falsas vagas de empregos. A pedido do UOL, a entidade fez um levantamento e verificou na sua base de dados um crescimento de 33,58% nas queixas nos cinco primeiros meses deste ano (354 reclamações) na comparação entre janeiro e maio de 2020.

O UOL ouviu especialistas em segurança cibernética e em recursos humanos para mostrar dicas de como se proteger. Veja abaixo.

Não repasse códigos recebidos no celular

O celular é o meio preferido dos golpistas. Para clonar o celular, o golpista fala sobre a suposta vaga, estimula o interesse do desempregado e depois diz que vai passar uma validação de segurança com um código.

Quando o dono do celular repassa o código, o golpista clona o número e passa a simular situações de emergência para pedir dinheiro a amigos e parentes da vítima. Ou, ainda, contrata empréstimos no seu nome, segundo Emílio Simoni, diretor do laboratório da Psafe.

Não pague taxas para participar de processos seletivos

Simoni diz que outro golpe comum é aquele em que o criminoso mente que existe um processo seletivo, mas cobra uma taxa para o candidato participar de um suposto curso ou treinamento.

Pesquise sobre a agência e não repasse dados pessoais

A gerente de seleção da Luandre RH, Larissa Gonçalves, recomenda pesquisar sobre a suposta agência que está intermediando a seleção. Verifique se o site da empresa é real e se há um telefone fixo para contato.

Também é importante não repassar dados pessoais, como contas bancárias, endereço ou outras informações sensíveis.

Ela afirma que aplicativos de mensagens e redes sociais, como Facebook e LinkedIn, são utilizados por recrutadores.

Mas, nesses casos, o profissional se identifica e não pede nenhum tipo de pagamento ou informação pessoal. A comunicação envolve também o envio de telefone fixo da agência e email profissional do recrutador.

Segundo ela, desde o ano passado, chegaram ao conhecimento da Luandre mais situações de falsários se passando por profissionais da empresa.

Desconfie de salários acima dos do mercado

Pâmela Nascimento, coordenadora de recrutamento e seleção do ManpowerGroup, diz que é mais frequente os golpistas ofereceram as supostas vagas para cargos de perfil operacional, com baixa exigência de qualificação.

Nesses casos, oferecem salário acima da realidade do mercado e pacote de benefícios incomuns.

Mas vagas que exigem formação e experiência para posições mais altas também são alvo dos criminosos. Eles chegam a oferecer suposto assessoramento de carreira a partir do pagamento prévio pelo serviço.

Agências não usam sites de venda de objetos

Nascimento sugere que o trabalhador busque vagas anunciadas em sites especializados como Empregos.com.br, Indeed, Infojobs, LinkedIn, Vagas.com, Emprega Brasil, entre outros.

"Você raramente vai ver uma empresa séria divulgando vaga em sites de desapego. Pode até acontecer, mas a pessoa deve ficar com o pé atrás, porque pode ser uma tentativa de golpe", disse.

Denuncie vagas suspeitas

Uma pesquisa rápida em um dos maiores sites de venda de objetos do país, o OLX, mostra mais de 50 mil anúncios com vagas de empregos.

Em alguns deles, o único meio de entrar em contato com o suposto recrutador é um número de WhatsApp, o que é apontado pelos especialistas como indicativo de fraude.

A diretora de produto e operações da OLX, Beatriz Soares, diz que a plataforma pode ser usada por golpistas, mas afirma que a empresa investe em tecnologia preventiva e mecanismos de denúncias.

"Assim que identificamos uma fraude, tomamos todas as medidas necessárias para retirar esse usuário e o anúncio", afirma.

De acordo com a executiva, apenas 0,1% do total de anúncios na plataforma sofreu algum tipo de denúncia. Os casos suspeitos são checados em até duas horas após o alerta. A empresa diz que eliminou 90% dos anúncios denunciados após confirmação de fraude e notificou a polícia.

Dentre os cuidados listados pelo site para não cair em golpes, estão analisar cuidadosamente links sugeridos nos anúncios, nunca revelar números de documentos, desconfiar de salários fora do padrão e conversar por chat com o anunciante. Em caso de dúvida, a OLX recomenda que o trabalhador denuncie o anúncio à plataforma.