Mentiras e críticas à Argentina: Veja o discurso de Bolsonaro no Mercosul
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez críticas ao presidente da Argentina, Alberto Fernández, e cobrou mais flexibilização do bloco econômico. As declarações foram feitas em discurso on-line hoje na 58ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados.
Além disso, o político mentiu sobre a situação da pandemia no Brasil. Bolsonaro afirmou que os brasileiros haviam retomado de forma "plena" e "segura" as atividades rotineiras, como ir às aulas e ao trabalho.
Diferente do que foi dito pelo presidente, cidades em todo o país discutem se é seguro retomar as aulas presenciais por conta do risco de disseminar o vírus. São poucos os estados, como São Paulo, que determinaram a retomada gradual das aulas presenciais.
Autoridades em saúde como a OMS (Organização Mundial de Saúde) e a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) continuam recomendando o distanciamento social para reduzir o número de infecções até que todos os cidadãos estejam imunizados contra a covid-19.
Confira o discurso completo:
Excelentíssimos senhores presidentes, Alberto Fernández,
Mario Abdo Benítez
Luis Lacalle Pou
Sebastián Piñera,
Guillermo Lasso,
Mohamed Irfaan Ali,
Senhor vice-presidente da Bolívia, David Choquehuanca,
Senhor Felipe Solá, chanceler da Argentina, em nome de quem cumprimento as demais autoridades que participam dessa reunião.
Senhores e senhoras.
Agradeço, inicialmente, ao presidente Alberto Fernández pela organização deste encontro de Chefes de Estado que conclui a presidência pro tempore argentina do MERCOSULl. Agradeço, igualmente, a ele e a sua equipe, pela condução dos nossos trabalhos no último semestre.
Lamento que, ainda desta vez, não nos tenhamos encontrado presencialmente. Com avanço firme e decisivo da vacinação em massa nos próximos meses, estarei honrado em poder recebê-los no Brasil no final do ano. Tenho a forte esperança de podermos celebrar, durante a pandemia brasileira, durante a presidência brasileira do MERCOSUL, o início, me desculpem, o início da superação desse período tão desafiador e sofrido para nossos países e para o mundo.
Meu governo está empenhado em garantir rápida e plena recuperação da economia neste momento de intensificação da imunização em massa. Os brasileiros voltam a trabalhar, a estudar e a encontrar-se com plena segurança. A viver, enfim, em condições de absoluta normalidade.
Com a graça de Deus, as mudanças e reformas que empreendemos no Brasil oferecem base firme para retomada econômica, juntamente com as medidas emergenciais e garantia do ganha-pão das parcelas mais vulneráveis de nossa população. Nossa recuperação, de fato, já começou. Como demonstram os números mais atualizados de nossa economia.
Senhoras e senhores,
Estou convencido de que o MERCOSUL pode e deve desempenhar papel crucial nesses esforços. Precisamos, para tanto, transformá-lo em instrumento efetivo de promoção da liberdade e da prosperidade para nossos povos. Não podemos deixar que o MERCOSUL continue a ser visto como sinônimo de ineficiência, desperdício de oportunidades e restrições comerciais.
De modo a superarmos essa imagem negativa do bloco, o foco do Brasil tem privilegiado a modernização da agenda econômica do Mercosul. Persistiremos neste caminho durante o exercício da presidência pro tempore que nos cabe até o final deste ano.
Para avançar a passos certos e seguros, precisamos ter clareza de onde estamos. O semestre que se encerrou deixou de corresponder às expectativas e necessidades de modernização do MERCOSUL. Devíamos ter apresentado resultados concretos nos dois temas que mais mobilizaram nossos esforços recentes: a revisão da Tarifa Externa Comum e a adoção de flexibilidades para as negociações de acordos comerciais com parceiros externos.
Senhoras e senhores,
O Brasil tem pressa. Os ministros e negociadores do MERCOSUL já estão cientes de nossa sede por resultados. Precisamos lançar novas negociações e concluirmos os acordos comerciais pendentes, ao mesmo tempo em que trabalhamos para reduzir tarifas e eliminar outros entraves ao fluxo comercial entre nós e com o mundo em geral.
Queremos e conseguiremos uma economia mais arejada e integrada ao mundo, empresas mais competitivas, trabalhadores mais produtivos e consumidores mais satisfeitos.
Não podemos patinar na consecução desses objetivos. O MERCOSUL precisa mostrar seu valor com entregas à população, pela conquista de novos mercados e pela eliminação de entraves que tenham como resultado mais empreendimentos, novos empregos e produtos mais baratos.
A persistência de impasses, o uso da regra do consenso como instrumento do veto e o apego a visões arcaicas de viés defensivo terão um único efeito de consolidar sentimento de ceticismo e dúvida quanto ao verdadeiro potencial dinamizador do MERCOSUL.
Senhoras e senhores,
O Brasil não vai parar nos esforços para modernizar sua economia e sociedade. Queremos que nossos sócios de integração sejam nossos companheiros nessa caminhada para a prosperidade comum. É por isso que, em nossa presidência de turno, que se inicia hoje, continuaremos a trabalhar pelo resgate dos valores originais do bloco. Associados à abertura e à busca da maior e melhor integração de nossas economias, nas cadeias regionais e internacionais de valor.
Será a melhor maneira de honrar os 30 anos do MERCOSUL, que celebramos neste ano. O MERCOSUL nasceu de um compromisso claro com a liberdade, com a democracia e a abertura para o mundo. Serão esses os princípios orientadores da atuação brasileira ao longo deste semestre.
Na ampla agenda do MERCOSUL, trabalharemos para gerar resultados que possam ser entendidos, valorizados e acima de tudo sentidos e percebidos por nossas populações, por nossos empresários.
Queremos um MERCOSUL de resultados. Queremos um MERCOSUL que seja instrumento para a modernidade. Contem com o meu empenho e com meu pleno engajamento de meu governo no exercício dessa responsabilidade, e no trabalho pelos resultados que todos ambicionamos e que nossos povos tanto merecem.
Muito obrigado a todos.
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