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Presidente da Enel: Sem chuva abundante, país deverá tomar 'medidas duras'

Do UOL, em São Paulo

06/10/2021 13h21Atualizada em 06/10/2021 16h21

O presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, disse hoje, em entrevista ao UOL News, que, se não houver chuva abundante nos próximos meses, será necessário tomar medidas "mais duras" para que não ocorra apagão ou racionamento no país.

Podemos ter um maravilhoso verão com muita chuva, assim como um verão crítico. E temos que ser muito rápidos e firmes. Não dá para atrasar. Se em novembro não tivermos chuva, dezembro tem que ser um mês de medidas duras. Se em dezembro não tivermos chuva, janeiro tem que ter medidas duras.
Nicola Cotugno, presidente da Enel Brasil

A decisão sobre um possível racionamento não cabe às distribuidoras, mas sim ao Ministério de Minas e Energia e ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), órgãos do governo federal. A Enel atende mais de 18 milhões de clientes em São Paulo, no Ceará, no Rio de Janeiro e em Goiás.

Segundo Cotugno, diante do cenário crítico, a empresa está tentando acelerar a entrega de mais capacidade de geração e trabalhando com o Ministério de Minas e Energia para aumentar a importação de energia da Argentina e do Uruguai.

"Estamos com um grande esforço para trazer gás para colocar em funcionamento a usina térmica que temos em Fortaleza", disse. Mesmo assim, ele afirmou que, como distribuidora, a Enel está se preparando para um eventual racionamento.

Estaremos prontos se tivermos que fazer algum racionamento, para atuar a nível técnico, com as redes que temos.
Nicola Cotugno, presidente da Enel

Redução no consumo

De acordo com a distribuidora, o consumo de energia vem diminuindo após a criação de um programa do governo federal para dar desconto na conta de luz de quem economizar.

O desconto citado por Cotugno virá de uma só vez, na primeira conta de luz recebida após o cálculo do consumo referente ao mês de dezembro de 2021. Ou seja, em janeiro ou fevereiro de 2022.

"Acredito que a situação está bastante controlada, mas claro que outubro vai ser um mês no qual vamos ver como, de verdade, vai mudar essa matriz de consumo", disse o presidente, ressaltando que no calor as pessoas costumam consumir mais energia pelo aumento no uso de aparelhos como ventiladores e ar condicionado.

Segundo Cotugno, a Enel fará o possível para "sensibilizar" consumidores a consumirem menos energia.

Alta no preço da energia e cortes

Questionado pela apresentadora Fabíola Cidral, Cotugno explicou que o aumento do valor da conta de energia não é de responsabilidade da distribuidora, que apenas é uma intermediária entre as geradoras de energia e o cliente.

O presidente da distribuidora também declarou que "a conta [de energia] não é lucro. A conta é uma forma de financiar o investimento que estamos fazendo para modernizar nossa rede e oferecer um serviço melhor para o cliente".

Segundo Cotugno, os cortes de energia por falta de pagamento, que voltaram a vigorar na última semana, não são o objetivo da Enel.

Mas é óbvio que não podemos deixar de considerar o equilíbrio econômico-financeiro da atividade. Os clientes pagam por contrato de telefonia, comida, outros serviços. É correto também pagar o serviço de entrega de energia.
Nicola Cotugno, presidente da Enel

As distribuidoras da Enel iniciaram uma campanha de negociação de dívidas para clientes inscritos na tarifa social, destinada a famílias de baixa renda. No mês de outubro, esses clientes poderão parcelar contas atrasadas em até 13 vezes, com isenção de encargos. Os juros serão de 1%.