Empresários de mídias são citados como donos de offshores, diz site
De acordo com publicação do portal Poder360 hoje, com base nos documentos da Pandora Papers, ao menos oito empresários de famílias da mídia no Brasil têm relação com offshores. Entre os nomes mais conhecidos estão membros da família Marinho, da Rede Globo, de donos da Jovem Pan, e da Editora 3, controladores de revistas como IstoÉ e Planeta. Há ainda registros dos filhos do apresentador Ratinho, do Grupo Massa, do sócio da RBS, grupo afiliado à TV Globo, e outros. Também foram encontradas offshores no nome de pessoas da família Civita, ex-donos da Editora Abril.
O levantamento foi feito pelo Poder360 através documentos obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) na investigação que foi apelidada de Pandora Papers.
O UOL tentou contato com as empresas citadas através de emails, mas não obteve retorno até a publicação. O texto será atualizado com o retorno das mesmas.
Ter offshores não é proibido no Brasil. No entanto, caso os ativos ultrapassem US$ 1 milhão, é necessário informar à Receita Federal e ao Banco Central.
De acordo com o portal, foram mais de 300 nomes pesquisados entre sócios e dirigentes dos maiores grupos de jornalismo impresso, televisivo e radiofônico do Brasil. Também foram procuradas pessoas relacionadas a empresas identificadas como jornalísticas, mas que têm atuação partidária ou ideológica.
Confira:
Grupo Globo
Paula Marinho, neta de Roberto Marinho, está relacionada como proprietária de duas offshores, a Limozina Investing Limited e a Ravello Holding Limited. A primeira, aberta em agosto de 2011 nas Ilhas Virgens Britânicas, tem listado como objetivo a compra de aeronaves nos Estados Unidos. A Ravello, aberta em junho de 2016 nas Bahamas, informou a mesma finalidade.
Segundo a assessoria de Paula informou ao Poder360, as empresas foram declaradas às autoridades brasileiras e já foram encerradas.
Jovem Pan
Os irmãos e sócios da Jovem Pan, Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, e Marcelo Leopoldo e Silva de Carvalho, são relacionados como diretores da Myddleton Investments Limited. A offshore foi aberta nas Ilhas Virgens Britânicas em março de 2005.
Procurados pelo portal, os donos da rádio não explicaram se a empresa é ou não declarada à Receita Federal.
Editora 3
Os donos da Editora 3, responsável por revistas como a IstoÉ e Planeta, a família Alzugaray, possui uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. Os filhos do fundador da editora, Carlos Domingo e Paula Alzugaray, aparecem como beneficiários da empresa Hideo Corporation, em caso de morte da mãe, Catia Alzugaray.
Aberta em julho de 2017, a empresa aparece como investimento financeiro e tem um capital de US$ 4 milhões. A família informou que a empresa está regular junto à Receita Federal e ao Banco Central, e que está inativa.
Grupo Massa
Os filhos gêmeos do apresentador Ratinho, Gabriel Martinez Massa e Rafael Martinez Massa, são sócios em duas offshores em paraíso fiscal, também nas Ilhas Virgens Britânicas, a GRM2 Holdings Ltd e SMM Holding.
Ambos também são sócios do Grupo Massa de Comunicação e representam o SBT e a rádio Massa FM no Paraná. Procurados pela reportagem do Poder360, os irmãos não responderam se as offshores estão legalmente registradas no Brasil.
RBS
Sócio da RBS, grupo afiliado à TV Globo, Eduardo Sirotsky Melzer também é proprietário de outros veículos de mídia impressa e de rádio no Rio Grande do Sul. Ele é listado como acionista da FFM Holdings, trust registrado nas Ilhas Virgens Britânicas.
Nos documentos, porém, não há informações sobre a área de atuação ou data de abertura da empresa que, segundo Eduardo, está regular e declarada às autoridades brasileiras.
TV Verdes Mares
Yolanda Vidal Queiroz, morta em 2016, possui uma offshore registrada em seu nome, a Water Overseas S.A., que consta no documento de transferência de suas ações para os filhos e netos. Yolanda foi controladora do grupo cearense Edson Queiroz, que atua em pelo menos 6 diferentes setores, e possui, entre as empresas a TV Verdes Mares, afiliada da TV Globo em Fortaleza. Procurada pelo Poder360, a família dela não respondeu aos questionamentos.
Família Civita, da Editora Abril, aparece entre os citados, diz site
Grande nome da mídia do Brasil, a família Civita, que por décadas esteve à frente da Editora Abril, teria omitido três offshores do processo de recuperação judicial do grupo responsável por títulos como Veja, Quatro Rodas e Playboy, conta a reportagem do Poder360.
Em 2015, a Abril Educação foi o primeiro braço vendido, por R$1,31 bilhão. Depois, após falharem em uma reestruturação da empresa, a editora pediu recuperação judicial e foi vendida em 2018 por R$ 100 mil, com R$ 1,5 bilhão de dívidas.
À época, o grupo estava sob comando dos netos do fundador Victor Civita, os irmãos Giancarlo Francesco, Victor e Roberta Anamaria. De acordo com o levantamento do Poder360, logo antes da venda da Abril Educação, eles assumiram pelo menos seis empresas em paraísos fiscais.
No entanto, três delas teriam sido omitidas da declaração de bens feita no início do processo de venda da editora. São elas: Hercules United S.A., de Victor e Giancarlo; adium Group Ltd., de Giancarlo; e t Holding, de Roberta. Todas elas nas Ilhas Virgens Britânicas.
Ainda conforme o portal, que teve acesso aos documentos por meio das investigações dos Pandora Papers, a Hercules United e a Rust Holding operaram até novembro de 2020, quando os irmãos Victor e Roberta dissolveram as empresas. Giancarlo, por outro lado, segue as operações da sua offshore.
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