'Bolsonaro tem 15 dias para escolher: acionistas ou nós', diz caminhoneiro
O presidente da Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores), Wallace Landim, conhecido como Chorão, afirmou que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tem 15 dias para escolher entre os acionistas da Petrobras ou os caminhoneiros, caso contrário acontecerá uma greve do setor a partir de 1º de novembro.
Na pauta dos caminhoneiros, estão itens como o cumprimento do valor mínimo do frete rodoviário, a aposentadoria especial para a categoria — aos 25 anos de trabalho — e a mudança na política de preços da Petrobras para combustíveis para reduzir a flutuação do diesel.
Chegou uma hora que o governo do presidente Jair Bolsonaro precisa escolher. Ou os acionistas ou os caminhoneiros e a classe média. Ele precisa escolher. Agora precisa escolher. Ele tem 15 dias para escolher.
Wallace Landim no UOL News
Chorão chegou a ironizar, em entrevista ao UOL News, a posição do governo de ver uma ameaça vazia nas reivindicações dos trabalhadores.
Segundo apuração do Estadão, o governo federal vê a mobilização como ameaças feitas antes — e que mais uma vez não devem ser cumpridas.
De acordo com uma fonte, desde 2018 já foram 16 tentativas de paralisação malsucedidas, sendo quatro delas neste ano. A reportagem apurou ainda que a mudança do preço dos combustíveis, a partir de uma "canetada", também não é uma possibilidade. Oficialmente, porém, o governo não comentou o assunto.
"A gente vê o presidente jogando na mídia a privatização da Petrobras isso é, no meu ponto de vista, para causar polemica. É para tirar a responsabilidade de si. Porque durante a campanha política para presidente ele falava mal do Temer. E hoje ele está lá e não está fazendo nada. É isso que a categoria esta observando. Por isso que eu tenho certeza que dessa vez sai [a greve]. E eu torço para que o governo subestime mesmo. Se eles querem subestimar, eu acho legal da parte dele", ironizou Chorão.
O líder da associação explicou que a luta dos trabalhadores não tem ideologia política e afirmou que não é contra, nem a favor do governo Bolsonaro. Ele ainda destacou que os caminhoneiros não estão protestando para tentar destruir nenhuma instituição e sim pela "sobrevivência" da categoria e, por isso, a greve deve sair se nada for feito pelo setor.
"Agora [a greve] sai porque o caminhoneiro não tem mais condição de se manter. Toda a semana está pior que 2018. Vem subindo o combustível, que é o insumo mais alto que a gente tem, que é o nosso sócio majoritário. O caminhoneiro não tem condição de manter a sua família, o seu caminhão, o seu ganha-pão."
Alta dos combustíveis
No dia 9, a Petrobras aumentou os preços do gás e da gasolina. O combustível sofreu um aumento de 7,2% no preço médio da estatal para as distribuidoras, a 2,98 reais por litro, refletindo reajuste médio de 20 centavos/litro, declarou a empresa. A companhia declarou que o reajuste da gasolina aconteceu após 58 dias de estabilidade.
Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o botijão de 13 quilos de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) chega a custar R$ 135 e a média geral do preço passou de R$ 98,47 para R$ 98,67. O preço mais alto (R$ 135) é encontrado no município de Sinop-MT e o mais baixo (R$ 74,00) em Saquarema-RJ.
A gasolina, também reajustada neste sábado pela estatal, subiu em média 0,4% nos postos, com preços variando de R$ 4,690 (Cascavel-PR) a R$ 7,249 (Bagé-RS). No ano, a gasolina registra alta de 57,3%.
*Com informações do Estadão Conteúdo e da Reuters
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