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Guedes diz que inflação será maior do que previsão, mas crescimento também

Paulo Guedes, ministro da Economia. Foto: Gustavo Raniere/MF - Gustavo Raniere/MF
Paulo Guedes, ministro da Economia. Foto: Gustavo Raniere/MF Imagem: Gustavo Raniere/MF

Do UOL, em São Paulo

17/11/2021 19h54

Com preços nas alturas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje que a inflação no Brasil será maior do que o mercado prevê, mas, em contrapartida, ponderou afirmando que o crescimento da economia também será. A declaração ocorreu durante fórum promovido pelo Bradesco BBI, na noite de hoje.

É verdade que juros vão subir com a luta do Banco Central para controlar a inflação, e isso vai desacelerar o crescimento, porque nós estamos realmente fazendo a transição para um crescimento sustentável em todos os setores. Paulo Guedes em fórum do Bradesco BBI

"Certamente, nós temos um problema com a inflação subindo. Certamente nós temos um problema, porque não estamos sendo bem-sucedidos em implementar as reformas com a velocidade necessária. Tem muito barulho político, obstruções, mas ainda acredito que o Congresso nos apoiará com as reformas. O Brasil caiu menos [durante a pandemia de covid-19], mas cresceu mais do que a média. Analistas preveem que o ano que vem o mundo vai crescer 5 ou 6%, e o Brasil 0% ou 1%. Vamos ver... No ano que vem conversaremos de novo. Eles vão ficar envergonhados. O problema será a inflação resiliente. Não baixo crescimento. A inflação provavelmente será um pouquinho maior do que vocês preveem, mas também será acima do que vocês estão prevendo", completou o ministro, em tom de desafio.

A inflação no Brasil subiu 1,25% em outubro, a maior taxa para este mês desde 2002, puxada pela alta dos combustíveis e dos alimentos, segundo informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada. O índice de preços ao consumidor acumulou alta de 10,67% em 12 meses, e de 8,24%, no ano.

O indicador de outubro está acima das expectativas do mercado, que previa alta da ordem de 1% em outubro, segundo estimativas de consultorias e de instituições financeiras ouvidas para a pesquisa Focus do Banco Central.

Além disso, o resultado de outubro marca uma aceleração em relação a setembro, quando a alta de preços foi de 1,16%, com alta acumulada acima de dois dígitos pela primeira vez em mais de cinco anos.

Ministério da Economia piora projeções

Mais cedo, a SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Economia também já havia divulgado novo boletim no qual piora as suas projeções oficiais para a inflação e para o PIB (Produto Interno Bruto) tanto em 2021 quanto em 2022.

Agora, a estimativa é de alta no PIB de 5,1% este ano, contra 5,3% antes. Para o ano que vem a projeção passou a 2,1%, de 2,5% em setembro. O mercado segue reduzindo ainda mais suas projeções para a evolução da atividade neste e no próximo ano, segundo boletim Focus divulgado ontem pelo BC (Banco Central).

Já a expectativa para a inflação (IPCA) em 2021 aumentou de 7,9% para 9,7%. Para 2022, a projeção de IPCA passou de 3,75% para 4,7%.

Preocupado com precatórios no Senado

Durante o evento, o ministro também aproveitou para pressionar os senadores a aprovar a versão da PEC dos Precatórios enviada pela Câmara. Ele considera um "grande erro", capaz de comprometer o crescimento previsto pelo governo para o ano que vem, a ideia de senadores de retirar o pagamento dos precatórios da regra do teto.

Segundo Guedes, a proposta colocaria em risco a arquitetura fiscal, por os precatórios serem uma despesa "incontrolável", tendo como consequência provável a elevação dos prêmios de risco cobrados por investidores para financiar a dívida pública.

Alguns senadores falam em tirar os precatórios do teto. É um grande erro por deixar as ordens judiciais como gastos incontroláveis. Os prêmios de risco subirão. Ministro da Economia, Paulo Guedes, durante participação em fórum

"Estou preocupado que não conseguiremos crescer se ameaçarmos a arquitetura fiscal. Mas ainda tenho esperança que vão aprovar as propostas originais da PEC", suavizou Guedes, em seguida.

*Com informações da agência Estadão Conteúdo