Santos Dumont é 'fofo', mas Galeão é prioridade, diz Paes sobre leilão
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), disse que se não houver um edital que proteja os interesses da cidade no leilão do aeroporto Santos Dumont, o investidor que arrematar o terminal "não terá vida fácil". A declaração foi dada em entrevista ao jornal O Globo.
Na última segunda-feira (31), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou que o aeroporto será leiloado isoladamente, após mudanças promovidas por grupo de trabalho em resposta a queixas do governo do Rio de Janeiro,
Paes elogiou a decisão, mas disse que a prefeitura vai manter representação junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) contra o edital de leilão enquanto não estiver assegurada uma restrição ao número de voos no Santos Dumont.
A medida visa evitar o esvaziamento do Galeão, aeroporto internacional da cidade, e importante para abastecer a indústria com o transporte de cargas.
"O Galeão tem importância estratégica e econômica para a cidade. Deve ser priorizado. O Santos Dumont é charmosinho, tem lindo visual. É muito fofo, mas não pode ser o que norteia as decisões", disse.
O prefeito do Rio prometeu ir ao "limite do limite" para proteger os interesses da cidade.
O limite do limite é um recado muito claro aos (investidores) privados que, se não tiver um edital que proteja os interesses do Rio de Janeiro, o recado que deixo é que não entrem nessa concessão e nessa licitação porque a vida deles não vai ser fácil com a Prefeitura do Rio. Tenho certeza de que a Câmara de Vereadores, a Assembleia Legislativa e o governo do estado também não darão vida fácil Eduardo Paes
Caso o modelo original da licitação seja mantido, Paes diz que haveria impacto direto na economia.
"O grande prejuízo que a gente já observa, além dos diretos, é a diminuição do número de turistas. As pessoas deixam de vir pela dificuldade de voos. E o terminal de cargas tem papel fundamental, está acoplado aos interesses dos voos internacionais para o Rio. Fora o hub (centro de distribuição de voos) doméstico, que é necessário para atrair voos internacionais. Tem impacto direto na economia, nos produtos e na negociação do terminal de cargas e e turistas. E, lamento informar, o Rio continua sendo o principal local para recepção de turistas estrangeiros."
Segundo ele, há um excesso de voos no Santos Dumont que prejudica o Galeão e há necessidade de discutir como melhorar essa situação.
Santos Dumont isoladamente terá outorga de R$ 731 milhões e previsão de investimentos de R$ 1,3 bilhão, segundo o ministério da Infraestrutura.
As mudanças precisam do crivo do TCU, informou o ministério. "Isso foi um acerto com o governo do Rio de Janeiro, a gente acha que assim a distribuição fica mais justa e a gente ainda vai evoluir nesse processo de modelagem", afirmou Tarcísio Freitas na segunda-feira.
O governo do Rio de Janeiro e a concessionária que administra o Galeão temem efeitos de concorrência predatória sobre o aeroporto de Galeão caso não houvesse mudanças no leilão do Santos Dumont, diante de eventuais permissões para voos mais longos e internacionais.
O Galeão foi concedido para a iniciativa privada em 2013, com um lance de R$ 19 bilhões de um consórcio que incluiu a Odebrecht, hoje Novonor. O valor foi quatro vezes maior que o definido no edital. O prazo do contrato vai até 2039.
Atualmente, a concessionária RIOgaleão é controlada pela Changi Airports, de Cingapura, que tem 51%, enquanto a Infraero tem 49% restantes, segundo informações da companhia.
* Com informações da Reuters
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.