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Santos Dumont é 'fofo', mas Galeão é prioridade, diz Paes sobre leilão

Prefeito do Rio disse que aeroporto do Galeão tem importância estratégica e econômica para a cidade - Reprodução/Youtube
Prefeito do Rio disse que aeroporto do Galeão tem importância estratégica e econômica para a cidade Imagem: Reprodução/Youtube

Do UOL, em São Paulo

03/02/2022 08h16

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), disse que se não houver um edital que proteja os interesses da cidade no leilão do aeroporto Santos Dumont, o investidor que arrematar o terminal "não terá vida fácil". A declaração foi dada em entrevista ao jornal O Globo.

Na última segunda-feira (31), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou que o aeroporto será leiloado isoladamente, após mudanças promovidas por grupo de trabalho em resposta a queixas do governo do Rio de Janeiro,

Paes elogiou a decisão, mas disse que a prefeitura vai manter representação junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) contra o edital de leilão enquanto não estiver assegurada uma restrição ao número de voos no Santos Dumont.

A medida visa evitar o esvaziamento do Galeão, aeroporto internacional da cidade, e importante para abastecer a indústria com o transporte de cargas.

"O Galeão tem importância estratégica e econômica para a cidade. Deve ser priorizado. O Santos Dumont é charmosinho, tem lindo visual. É muito fofo, mas não pode ser o que norteia as decisões", disse.

O prefeito do Rio prometeu ir ao "limite do limite" para proteger os interesses da cidade.

O limite do limite é um recado muito claro aos (investidores) privados que, se não tiver um edital que proteja os interesses do Rio de Janeiro, o recado que deixo é que não entrem nessa concessão e nessa licitação porque a vida deles não vai ser fácil com a Prefeitura do Rio. Tenho certeza de que a Câmara de Vereadores, a Assembleia Legislativa e o governo do estado também não darão vida fácil Eduardo Paes

Caso o modelo original da licitação seja mantido, Paes diz que haveria impacto direto na economia.

"O grande prejuízo que a gente já observa, além dos diretos, é a diminuição do número de turistas. As pessoas deixam de vir pela dificuldade de voos. E o terminal de cargas tem papel fundamental, está acoplado aos interesses dos voos internacionais para o Rio. Fora o hub (centro de distribuição de voos) doméstico, que é necessário para atrair voos internacionais. Tem impacto direto na economia, nos produtos e na negociação do terminal de cargas e e turistas. E, lamento informar, o Rio continua sendo o principal local para recepção de turistas estrangeiros."

Segundo ele, há um excesso de voos no Santos Dumont que prejudica o Galeão e há necessidade de discutir como melhorar essa situação.

Santos Dumont isoladamente terá outorga de R$ 731 milhões e previsão de investimentos de R$ 1,3 bilhão, segundo o ministério da Infraestrutura.

As mudanças precisam do crivo do TCU, informou o ministério. "Isso foi um acerto com o governo do Rio de Janeiro, a gente acha que assim a distribuição fica mais justa e a gente ainda vai evoluir nesse processo de modelagem", afirmou Tarcísio Freitas na segunda-feira.

O governo do Rio de Janeiro e a concessionária que administra o Galeão temem efeitos de concorrência predatória sobre o aeroporto de Galeão caso não houvesse mudanças no leilão do Santos Dumont, diante de eventuais permissões para voos mais longos e internacionais.

O Galeão foi concedido para a iniciativa privada em 2013, com um lance de R$ 19 bilhões de um consórcio que incluiu a Odebrecht, hoje Novonor. O valor foi quatro vezes maior que o definido no edital. O prazo do contrato vai até 2039.

Atualmente, a concessionária RIOgaleão é controlada pela Changi Airports, de Cingapura, que tem 51%, enquanto a Infraero tem 49% restantes, segundo informações da companhia.

* Com informações da Reuters