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Reajuste de 5% não agrada a ninguém no funcionalismo, diz Sakamoto

Colaboração para o UOL, em Brasília

18/04/2022 18h43

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto disse hoje que a decisão do presidente Jair Bolsonaro (PL) de conceder novo ajuste salarial de 5% a todo o funcionalismo público "não agrada nem gregos nem troianos".

"Os policiais dizem que o governo foi mentiroso e o resto das categorias também dizem que os 5% não resolvem coisa nenhuma. Bolsonaro vai ter que resolver isso, não se sabe como. Até porque não há espaço orçamentário para dar um aumento muito maior que isso", analisou o jornalista.

Na avaliação do jornalista, o governo está "armando uma bomba" para o candidato à Presidência da República que ganhar as eleições deste ano. "Isso vai explodir no colo de quem? De Lula, de Bolsonaro, da terceira via? É claro que a demanda por um aumento salarial dos servidores é mais do que justa. É claro que servidores que ganham menos sofrem mais. Como o aumento é linear, isso pode gerar um problemão que vai ser resolvido em 2023. A questão é quem assume. Essa bomba vai explodir no colo de todos os brasileiros."

O comentário ocorreu depois que, em reunião com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Marcos Firme, ter dito hoje que o aumento salarial de 5% para todo o funcionalismo público federal não atende às demandas dos profissionais de segurança pública da União. Na avaliação do representante, o porcentual não repõe as perdas inflacionárias nos últimos anos.

No encontro, que contou com participação de deputados da bancada da segurança pública, representantes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, do Departamento Penitenciário Nacional manifestaram insatisfação com a proposta de 5%, preferida para não desagradar nenhuma categoria do funcionalismo federal.

Internamente, o governo tem estudado ainda aproveitar o espaço de R$ 1,7 bilhão que existe no Orçamento para contemplar só as carreiras policiais e as demandas dos servidores da Receita Federal e do Banco Central.

Outra proposta, rejeitada pelos sindicatos, é de dar reajuste só no vale-alimentação com o R$ 1,7 bilhão previsto no Orçamento de 2020. Segundo integrantes do governo, essa medida medida beneficiaria um número maior de servidores que ganham menos.

A decisão pelo aumento de 5% foi comunicada na última quarta-feira (13) depois de Bolsonaro ter se reunido com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Após o anúncio, a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) disse repudiar a possibilidade de o governo federal descumprir compromisso de promover a reestruturação das forças policiais da União.

O UOL entrou em contato com o Palácio do Planalto, com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e com a ADPF (Associação dos Delegados de Polícia Federal), que não haviam se manifestado sobre a reunião até a última atualização desta reportagem.

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