Geada ameaça afetar milho, café e hortaliças e causar alta de preços
A semana promete frio em diversos locais do Brasil, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Com o frio intenso e previsão de geada, como ficam as plantações brasileiras? Os especialistas ouvidos pelo UOL dizem que as lavouras que devem ser mais afetadas são as de milho, hortaliças (frutas, verduras e legumes), cana-de-açúcar e café.
"Vamos ver geadas intensas em um período incomum. Geralmente elas acontecem mais para frente e não atingem tantos lugares do Brasil. Estamos em uma semana bem atípica e desafiadora", afirma Antônio da Luz, economista-chefe da Ecoagro, empresa de operações financeiras para o agronegócio.
Felippe Serigati, coordenador do mestrado profissional em agronegócios da FGV (Fundação Getulio Vargas), diz que as culturas mais afetadas ficam em Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.
As hortaliças, que têm grandes culturas em São Paulo e Curitiba, podem ser bem prejudicadas por estarem em regiões que devem registrar temperaturas mais baixas.
"As hortaliças podem ser as mais prejudicadas, porque o frio vai pegar um cinturão de produção em locais como São Paulo e Curitiba. São duas regiões que podem registrar temperaturas mais baixas e trazer um pequeno desabastecimento no curto prazo, além de um aumento no preço", afirma Marco Antonio dos Santos, sócio-fundador e agrometeorologista da consultoria Rural Clima.
Apesar de a queda nos termômetros acender um alerta para o agronegócio, os especialistas dizem que é impossível prever o tamanho das perdas.
Primeiro precisamos verificar a ocorrência das geadas e a sua intensidade. Podem gerar só problemas leves ou perdas extremas de acordo com a intensidade.
Paulo Molinari, especialista da consultoria Safras e Mercado
Preços dos alimentos podem subir ainda mais
Se os preços dos alimentos já estão altos, o frio intenso pode piorar a situação. Nos últimos 12 meses encerrados em abril, a inflação para alimentação e bebidas ficou em 13,47%, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O café moído ficou 67,53% mais caro, as hortaliças e verduras, 36,62%, e o milho em grão, 21,14%.
"Se a geada for muito intensa, os preços devem subir fortemente. No caso do milho, se houver uma quebra de produção grande, não haveria alternativa global para o fornecimento mundial do cereal", afirma Alê Delara, sócio-diretor da Pine Agronegócios, corretora de commodities.
Isso porque a Ucrânia, que é um grande exportador de milho, não está vendendo os grãos por causa da guerra. Ainda não dá para prever quanto os preços devem ser pressionados por perdas em safras.
O mercado já precificou [antecipou] um pouco a geada. O que vai dizer se o preço vai ficar mais alto ou baixo é a intensidade do frio ou alguma atualização dos mapas climáticos que temos hoje.
Felippe Serigati, coordenador do Mestrado Profissional em Agronegócios da FGV
A má notícia é que a inflação dos alimentos deve continuar no dia a dia dos brasileiros por alguns meses. Serigatti diz que o consumidor deve começar a sentir algum alívio em um prazo de três a seis meses.
Chuva pode diminuir impactos da geada
A expectativa é que a chuva do final de semana ajude a minimizar os impactos das temperaturas mais baixas.
"Temos de esperar que o impacto seja pequeno. Como choveu bem no último final de semana, o fato de o solo estar úmido pode diminuir os prejuízos do frio nas safras", afirma Santos.
Com o solo úmido, a perda de calor é menor, o que significa que, mesmo que a temperatura externa fique mais baixa do que o normal, as plantações conseguem reter mais o calor devido à umidade do solo.
"Se você tem um solo muito úmido, a perda de calor para a atmosfera é pequena. A temperatura na parte baixa da planta não cai tanto. Por exemplo, quando você tem uma geada ampla, as plantas que estão perto de um rio ou de uma lagoa não são impactadas, porque perdem pouco calor", afirma Santos.
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