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Desemprego, segurança e custo de vida preocupam geração z e millennials

Getty Images
Imagem: Getty Images

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL

01/06/2022 04h00

As principais preocupações de brasileiros das gerações z (nascidos entre 1995 e 2003) e millennials ou geração y (nascidos entre 1983 e 1994) são desemprego, segurança e custo de vida. Foi o que apontou uma pesquisa realizada pela consultoria Deloitte e divulgada com exclusividade pelo UOL.

Veja os números principais do levantamento.

Desemprego preocupa:

  • 33% da geração z
  • 31% dos millennials

Segurança preocupa:

  • 24% da geração z
  • 27% dos millennials

Custo de vida preocupa:

  • 23% da geração z
  • 25% dos millennials

O estudo mostrou que as três preocupações estão interligadas, e a ansiedade com relação a elas ocorre por causa do cenário econômico do país e do mundo nos últimos dois anos, como reflexo da pandemia da covid-19, segundo Daniela Plesnik, líder de Talent & Culture da Deloitte.

"Os brasileiros vivem com o salário do mês, sem nenhuma reserva. Se perderem o emprego, não sabem como vão fazer para pagar as contas. Na questão da segurança, há aumento da criminalidade em algumas regiões. As pessoas já têm dificuldade de adquirir as coisas e, se ocorrer algum imprevisto, como um roubo de celular, além de ter sua segurança ameaçada, por exemplo, eles não têm como comprar outro", disse.

A falta de uma reserva de emergência também complica a vida. "A inflação acelerando e o aumento de itens como a gasolina, que afeta toda a cadeia, impactam diretamente quem tem um rendimento apertado todo mês."

Geração z se preocupa mais com o meio ambiente

A quarta maior preocupação da geração z são a proteção do meio ambiente e as mudanças climáticas (22%). Para os milennials, é a quinta maior preocupação (com 19%).

Os millennials se preocupam mais com a desigualdade de renda (24%), o que nem é citado pelos jovens da geração z.

"Até por causa da idade, os millennials, que têm entre 28 e 39 anos, já estão olhando o mercado de outra forma, vendo o impacto que eles têm na sociedade, enquanto a geração z ainda não tem essa percepção, porque está começando a entrar no mercado agora", afirma.

No último lugar do top cinco aparece pela primeira vez para a geração z o medo de assédio sexual (21%). Esse quesito não é citado pelos millennials na pesquisa.

O medo do assédio sexual aparece relacionado a casos recentes divulgados na mídia, segundo Plesnik.

"O medo ocorre de forma geral, não só em relação ao trabalho. Ele vem depois da divulgação de casos recentes, que aconteceram em aplicativos de transporte, por exemplo", diz.

Aumenta otimismo com situação econômica e sociopolítica

A pesquisa também mostrou que tanto a geração z como os millennials estão mais otimistas com relação ao país nos próximos 12 meses.

Na geração z, a fatia daqueles que veem boas perspectivas para a situação econômica subiu de 39% para 56% do ano passado para este. Dentre os millennials, o aumento foi de 50% para 61%.

Em relação à situação sociopolítica, a expectativa de melhora cresceu de 32% para 51% dentre a geração z e de 44% para 60% dentre os millennials.

Brasileiros mais otimistas

O estudo mostrou ainda que o otimismo é maior no Brasil do que entre os entrevistados no exterior. Lá fora, a expectativa de melhora econômica é citada por 28% nas duas gerações, aumento de 1 ponto percentual em relação ao ano passado.

Em relação à questão sociopolítica, os dados de 2022 no mundo caem para 24% na geração Z e 25% nos millennials. Em 2021, os números globais eram 24% e 22%, respectivamente.

Plesnik diz que as diferenças se devem a questões culturais, como o fato de o brasileiro ser um povo mais otimista de modo geral, por estar acostumado a lidar com crises, mesmo sentindo mais os impactos dos problemas socioeconômicos causados pela pandemia.

"No Brasil, as duas gerações são muito afetadas pela situação econômica e sociopolítica, sentem mais a flutuação do que globalmente. Aqui, eles sofrem a influência de tudo, a expectativa da vacina, crises e mais crises. Sentiram a retomada da normalidade, com trabalho, saindo às ruas, vendo o movimento, o retorno e depois o surgimento de uma nova variante. Então esse otimismo oscila de acordo com os acontecimentos".

O levantamento da Deloitte ouviu 23.220 pessoas, sendo 14.808 da geração z e 8.412 de millennials, de 46 países. No Brasil, foram ouvidas 801 pessoas, sendo 500 da geração Z e 301 millennials