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Seguro de carro chega a dobrar neste ano; por que subiu e como economizar?

Seguro do carro do professor Francisco Jomário Pereira mais que dobrou - Acervo pessoal
Seguro do carro do professor Francisco Jomário Pereira mais que dobrou Imagem: Acervo pessoal

Giuliana Saringer

Do UOL, em São Paulo

21/06/2022 04h00

Os preços de seguro de carro estão mais altos, e os motoristas buscam alternativas para economizar. É o caso do professor Francisco Jomário Pereira, 34, de Campina Grande (PB), que trocou de seguradora para gastar um pouco menos.

No ano passado, pagou R$ 900 pelo seguro de seu Renault Kwid, carro zero quilômetro comprado em 2020. Neste mês, foi renovar o seguro, e o preço subiu para R$ 1.900 na SulAmérica, um pouco mais que o dobro do valor pago no ano anterior.

"O seguro mais barato que eu encontrei para meu carro era de R$ 1.500 na Azul Seguros, que foi o que escolhi. Dividi o pagamento em dez vezes no cartão", afirma Pereira.

Seguros sobem 33% em média em 12 meses

Em média, os preços de seguros subiram 32,45% nos últimos 12 meses, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador que mede a inflação oficial do país.

Os especialistas ouvidos pelo UOL dizem que a alta no preço dos carros — tanto zero quilômetro como usados — e o aumento do uso do seguro são os principais fatores que justificam o encarecimento do serviço.

Paulo Eduardo Fernandes, sócio da corretora Fernandes Associados Seguros, afirma que o valor do seguro é calculado com base no valor do carro na tabela Fipe, que traz os preços médios dos carros anunciados pelos vendedores, tanto usados como novos.

"Em 2021, um carro médio custava entre R$ 40 mil e R$ 50 mil. Os preços da tabela Fipe aumentaram, em média, 40%, o que gerou um prejuízo para as seguradoras, já que elas precisam indenizar o cliente que usa o seguro com base na tabela Fipe do dia do sinistro", afirma Fernandes.

Com a pandemia, montadoras de todo mundo tiveram dificuldade de manter a produção de carros novos pela falta de semicondutores, que são peças básicas para a fabricação dos carros.

Isso limitou a produção das montadoras e diminuiu a quantidade de carros novos disponíveis nas concessionárias. Com a escassez, os usados passaram a ser mais buscados e, consequentemente, ficaram mais caros.

O uso do seguro também foi outro fator que encareceu os custos. Dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados) mostram que o total pago em indenizações subiu 41,3%, chegando a R$ 7,2 bilhões no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período do ano passado.

Ao mesmo tempo, a receita com seguros de carros cresceu bem menos: 23,3% no primeiro trimestre de 2022, passando de R$ 8,6 bilhões para R$ 10,6 bilhões, também em relação ao mesmo período em 2021.

"Conforme os carros foram voltando para as ruas, a sinistralidade voltou a subir. Isso, somado ao aumento do preço dos carros novos e usados, fez com que os seguros ficassem mais caros", afirma Manes Erlichman, vice-presidente e diretor técnico da Minuto Seguros, corretora da Creditas.

Preços devem continuar altos

Erlichman diz que as seguradoras começaram a aumentar os preços em setembro e outubro do ano passado. Para ele, os preços devem começar a se normalizar em outubro deste ano.

Para Fernandes, a queda só deve ser sentida depois do primeiro semestre de 2023.

"Neste ano, ainda devemos ter bastante instabilidade pela inflação e pela eleição. Provavelmente no primeiro semestre do ano que vem vamos ter estabilidade. Isso vai depender do mercado externo: se a China voltar a operar normalmente, e as montadoras tiverem as peças suficientes para produção de carros", afirma Fernandes.

A inflação somada às incertezas da eleição presencial dificultam uma melhora no cenário para este ano, de acordo com José Varanda, coordenador do curso de graduação da ENS (Escola de Negócios e Seguros).

Estamos com inflação alta, mas eu diria que, no médio prazo, vamos ter a situação normal, em meados do ano que vem.
José Varanda, coordenador do curso de graduação da ENS

Consumidor pode conseguir desconto

Os seguros estão mais caros tanto para quem compra pela primeira vez como para quem vai renovar o seguro depois de um ano. A grande diferença é que os segurados que estão no processo de renovação podem contar com o desconto do bônus da apólice.

"O bônus representa um desconto de até 30% no valor do seguro, e o percentual é aplicado sobre o seguro novo do ano", afirma Fernandes.

A cada ano que o segurado fica com o seguro, ele sobe de nível com o bônus. Não tem a ver com o perfil do consumidor, mas com a quantidade de vezes que usou o prêmio do seguro. Se a pessoa bate o carro, por exemplo, volta uma classe no nível do bônus.

"Se você está na classe quatro e teve um sinistro, você volta para a três. A cada sinistro, é um passo para trás", afirma Varanda.

Mas isso só vale para uso da cobertura básica do seguro. O segurado não vai perder o bônus por usar serviços como guincho, troca de pneu ou chaveiro, por exemplo.

Alternativas para economizar

Os especialistas dizem que o ideal é que o consumidor contrate um seguro adequado as suas necessidades, incluindo apenas o que faz sentido para a rotina da pessoa, evitando assim gastos maiores do que o necessário.

Os clientes estão trocando de seguradora para economizar, para conseguir manter o valor próximo do ano anterior. Tem também quem preferiu reduzir a cobertura.
Manes Erlichman, vice-presidente e diretor técnico da Minuto Seguros

Erlichman afirma que o consumidor deve pelo menos manter a cobertura compreensiva, que é a mais tradicional do setor e que cobre os principais problemas, como acidentes, roubos, furtos e incêndios, e que tente negociar os preços com as corretoras e seguradoras.

"Para economizar, dá para contratar um pacote de assistência compatível com a realidade de uso do consumidor. Se não faz viagens, por exemplo, pode optar por guincho com quilometragem mais baixa", afirma Erlichman.

Existem também os seguros por assinatura, em que o consumidor faz os pagamentos mensalmente.

"Há seguro por assinatura, há algumas empresas que permitem que se pague um valor mensal pequeno e se pague por quilômetro rodado. O consumidor tem que ver se é adequado para ele. Para quem dirige pouco, esse tipo de seguro vale a pena", afirma Varanda.