Por colapso climático, Greenpeace invade festival de publicidade de Cannes
Para protestar contra campanhas publicitárias de empresas que utilizam combustíveis fósseis, como companhias aéreas e montadoras, o Greenpeace tem 'invadido' o Cannes Lions, festival de publicidade mais importante do mundo, que acontece esta semana, na França, de diversas maneiras.
Hoje (23), foi a vez da ONG usar um guindaste para tentar entrar no Palais des Festivals, local onde acontece o festival, pelo telhado. Enquanto isso, manifestantes distribuíam panfletos com o objetivo da campanha #BanFossilAds.
Ontem (22), foi a vez de ativistas usarem botes infláveis para entrar em um evento do Grupo WPP, um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo, durante um evento da companhia.
Na segunda-feira (20), Gustav Martner, head de criatividade da organização, subiu ao palco e devolveu um prêmio que havia ganhado em 2007, quando trabalhava em uma agência de publicidade que criava campanhas para uma fabricante de automóveis.
"A indústria da publicidade está agindo como o meme "This Is Fine": aprecia seus drinques e agindo como se tudo estivesse bem, enquanto a casa está pegando fogo. Cannes afirma ser a 'casa da criatividade', e eu estou aqui para dizer que não há criatividade em um planeta morto", declarou.
Mas como a organização não-governamental quer usar o festival para suspender a publicidade de empresas que são alguns dos maiores anunciantes do mundo?
A reportagem de UOL Mídia e Marketing conversou com Silvia Pastorelli, ativista do Greenpeace na União Europeia, que esteve nas manifestações. Confira:
Mídia e Marketing: Qual é o principal objetivo dos protestos do Greenpeace durante o festival?
Silvia Pastorelli: O Greenpeace está pedindo a proibição da anúncios de empresas que vendam combustíveis fósseis ou que usem carros ou voos com eles na União Europeia. Também queremos que as empresas de publicidade os abandonem como clientes. O marketing do tabaco foi estritamente regulamentado para proteger a saúde pública. Agora é hora de fazer o mesmo com algumas das indústrias mais responsáveis pelo colapso climático.
Você acredita que ações assim podem mudar a mentalidade da indústria?
Hoje em dia, ninguém se orgulharia de fazer campanhas publicitárias de cigarros. Acho que o mesmo está se tornando verdade sobre as empresas que usam relações públicas e marketing para retardar a ação climática.
Ouvimos muito apoio de pessoas da indústria para o fim da publicidade de combustíveis fósseis. As pessoas querem se orgulhar do trabalho que fazem e é difícil se sentir assim ao ajudar a embalar mais aviões, vender mais SUVs ou 'limpar' a marca de uma empresa de petróleo.
Você notou alguma mudança no mercado publicitário em relação a isso nos últimos anos?
Já vemos algumas mudanças na indústria: grupos como o 'Clean Creatives' tentam mudá-la por dentro, fugindo de clientes poluidores. Mas também já existem mudanças em nível de política. Governos locais em Amsterdã e Haia, cidades da Holanda, por exemplo, já restringem anúncios de combustíveis fósseis. Governos como os franceses exigem 'avisos de saúde' em anúncios de alguns produtos poluentes.
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