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Caixa cancela coletiva em evento após denúncias contra presidente

28.mar.2022 - Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal - Valter Campanato/Agência Brasil
28.mar.2022 - Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo**

28/06/2022 23h25Atualizada em 29/06/2022 01h52

A Caixa Econômica Federal cancelou, na noite de hoje, a coletiva de imprensa e o pronunciamento no evento do anúncio do Ano Safra 2022/2023, previsto para ocorrer na manhã de quarta-feira (29), após o site Metrópoles divulgar denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias contra Pedro Duarte Guimarães, presidente do banco.

Pedro Guimarães é presidente da Caixa desde o início do atual governo. O chefe da estatal é presença frequente em eventos ao lado de Jair Bolsonaro (PL), além de participar várias vezes da live semanal do mandatário. Durante o dia, políticos foram às redes sociais para pedir a investigação de Guimarães pelos supostos assédios.

"A CAIXA informa que o pronunciamento e a coletiva de imprensa sobre a estratégia do Ano Safra 2022/23, previstos para acontecer nesta quarta-feira (29/06), na CAIXA Cultural Brasília, foram cancelados", informa o comunicado à imprensa obtido pelo UOL.

Outro evento

Também está previsto para o governo federal lançar amanhã o Plano Safra 2022/23, que oferecerá a produtores rurais, cooperativas e agroindústrias crédito rural, inclusive com taxas de juros controladas e subsidiadas, para a temporada 2022/23, que começa no dia 1º de julho.

Segundo a agenda do presidente Jair Bolsonaro, o evento deve ocorrer no Salão Nobre do Palácio do Planalto, às 16h30 (horário de Brasília).

Entre as presenças previstas para esse segundo evento estão: Guimarães, do presidente da República, Jair Bolsonaro, do ministro da Agricultura, Marcos Montes, do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro. Não há informações se todos os nomes comparecerão ao evento.

Entenda as denúncias

As denúncias, que incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis à relação de trabalho, começaram a surgir no fim do ano passado. Todas as mulheres que falaram ao site, sem que seus nomes fossem divulgados, trabalham ou trabalharam em equipes que atendem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa.

As cinco entrevistadas disseram que se sentiram abusadas em diferentes ocasiões, e sempre em compromissos de trabalho. Os casos aconteceram, muitas vezes, em viagens relacionadas ao programa Caixa Mais Brasil.

Segundo relato, o presidente do banco escolhe, preferencialmente, "mulheres bonitas" para as comitivas nas viagens. De acordo com Ana*, uma das funcionárias que denunciaram o assédio, o comunicado de escolha é como um prêmio.

Outra prática comum, segundo as funcionárias, é que mulheres que despertam a atenção de Guimarães durante as viagens sejam chamadas para atuar em Brasília, muitas vezes promovidas hierarquicamente sem preencher requisitos necessários. A prática deu, inclusive, origem a uma expressão usada para se referir a elas: "disco voador".

Ana* relata, também, que Pedro Guimarães se sente "dono" das funcionárias mais próximas. Segundo ela, é comum que o presidente pegue na cintura e pescoço delas, e insiste quando elas negam mais aproximação.

Muitas funcionárias também relataram terem sido chamadas a irem ao quarto do chefe. Duas delas relatam terem sido chamadas com suposta urgência para levar itens que Guimarães precisava: "Ele pede carregador de celular, sal de fruta, remédios", relata Beatriz*, outra vítima que conversou com o site.

Em contato com o UOL, o Ministério da Economia disse que não irá se manifestar sobre o caso.

Em nota, a Caixa afirma que "não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo e que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio.". Ainda no texto enviado ao UOL, a instituição diz que "o banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de 'qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça'".

O UOL também entrou em contato com Pedro Guimarães por e-mail e por telefone para comentar as denúncias. O texto será atualizado em caso de manifestação.

*Nome fictício

**Com Estadão Conteúdo

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no 1° parágrafo desta matéria, a Caixa Econômica Federal cancelou a coletiva de imprensa e o pronunciamento, e não o evento. A informação já foi corrigida.