Supermercado é criticado por vender soro que sobra da produção de queijo
Circulou nas redes sociais, nos últimos dias, uma foto de um produto chamado soro de leite, vendido a R$ 4,49 a caixa por um supermercado em São Paulo, o Nagumo. A embalagem é parecida com a do leite, mas o soro é uma sobra da produção de queijo, o líquido que fica após a retirada da massa. Ele é muito utilizado pela indústria de alimentos como matéria-prima para produzir bebidas lácteas, alguns leites de soja e suplementos proteicos, inclusive o famoso Whey Protein.
Depois da repercussão negativa e das críticas nas redes sociais, o Procon notificou a fabricante do soro, a Nova Mix Industrial e Comercial de Alimentos - Quatá Alimentos. A empresa tem até 14 de julho para prestar esclarecimentos, como informações nutricionais, e apresentar documentos.
O UOL entrou em contato com o supermercado Nagumo e com a Nova Mix para pedir posicionamento e aguarda retorno.
Consumidores criticam venda de soro do leite
O soro de leite é vendido ao consumidor final em um momento de alta no preço do leite, que chega a ser encontrado a R$ 10.
Em 12 meses, o leite longa vida subiu 29,28%, sendo 8,03% somente em 2022, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nas redes, consumidores associaram a venda de soro de leite à mudança na composição de vários produtos industrializados e à redução no tamanho das embalagens sem mudar o preço, a chamada reduflação.
"O leite virou soro de leite. O iogurte virou mistura láctea. O pacote de 1 kg virou 900 g. Tudo diminuiu. O salário, o poder de compra, a qualidade de vida do povo. As únicas coisas que não diminuem são os preços, a inflação, e a fatura do cartão corporativo. O Brasil piorou".
Outro atribuiu a venda aos recentes aumentos no preço do leite.
Um terceiro lembra que o soro do leite é um subproduto do leite.
Nutricionista diz que soro não substitui leite
A nutricionista e diretora do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) Manuela Dolinsky vê com preocupação a utilização de subprodutos na alimentação.
"A indústria vai querer aproveitar o nicho que aparecer, mas eu não indicaria a substituição do leite pelo soro. O leite é um alimento minimamente processado, tem um valor energético e proteico e concentração de cálcio muito maior do que o soro, e sabemos que a deficiência de cálcio é um problema de saúde pública no país".
A nutricionista diz que a substituição do produto fere os princípios do guia alimentar para a população brasileira, do Ministério da Saúde.
"O próprio guia recomenda o consumo de alimentos in natura e minimamente processados, o que não é o caso do soro de leite", afirma.
Apesar de não recomendar a substituição do leite, a nutricionista diz que pesquisas consideram o soro um alimento funcional, com aminoácidos e proteínas que trazem vários benefícios para a saúde, agindo como antioxidantes, fonte energética para praticantes de esportes e até melhora do sistema imunológico.
"Mas é importante dizer que a maioria dos estudos que atestaram esses benefícios foram feitos em laboratório e não com testes clínicos, que são o padrão ouro", fala.
Procon pediu série de informações
O Procon notificou a Nova Mix solicitando a tabela nutricional da bebida, com percentuais de cada um dos ingredientes das versões dispostas no mercado, assim como informações sobre a indicação de consumo do produto por faixa etária (lactentes, crianças de primeira infância, dentre outros).
O órgão de defesa do consumidor também pede que a fabricante apresente uma embalagem vazia de cada tipo do produto que é vendido no mercado.
Além disso, a empresa deve apresentar documentos de autorização de venda junto a órgãos competentes e que comprovem os testes de qualidade, demonstrando o processo de manipulação, acondicionamento e tempo indicado para consumo da bebida.
A Nova Mix deverá, ainda, comprovar que houve anúncios dos produtos na mídia e em suas redes sociais.
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