Euro fica abaixo de US$ 1,01; entenda queda da moeda e paridade com o dólar
A desvalorização do euro acelerou na manhã de hoje, e a moeda única europeia era negociada abaixo de US$ 1,01 pela primeira vez desde o fim de 2002, afetada pela preocupação com a economia do Velho Continente.
Por volta das 15h (horário de Brasília), o euro era negociado a US$ 1,016. Pela manhã, a moeda europeia chegou a ser vendida a US$ 1,0072 — próxima da paridade.
Especialistas já não descartam a possibilidade de as duas moedas atingirem o mesmo valor em breve. O euro chegou a seu ponto mais baixo em 5 de julho de 2001, quando foi negociado a 0,8380 dólar.
Inflação e medo de recessão derrubam euro
O tombo da moeda europeia se deve principalmente aos temores de uma recessão. Acima de tudo, o risco de corte no fornecimento de gás preocupa os mercados financeiros, porque isso paralisaria a economia na Alemanha e na Europa.
O aumento dos preços da energia foi a principal razão pela qual a balança comercial externa da Alemanha foi negativa em junho pela primeira vez em muitos anos, o que significa que o país importou mais —incluindo petróleo e gás— do que exportou.
Os altos preços de importação, especialmente de energia, também estão impulsionando a inflação. E isso não é bom para o BCE (Banco Central Europeu), pois o órgão quer contrabalançar a inflação com aumentos planejados das taxas de juros.
O fato de o euro estar caindo em relação ao dólar sempre tem relação com a avaliação da moeda americana.
"O Banco Central americano, o Fed, está definindo o ritmo novamente", explica o ex-economista-chefe da Allianz, Michael Heise, em entrevista à emissora alemã Deutsche Welle. A instituição americana está tomando medidas contra a inflação e já começou a aumentar as taxas de juros.
Se o BCE fizer o primeiro aumento da taxa de juros em julho e outros aumentos se seguirem —talvez até elevando as taxas de juros um pouco mais do que se pensava—, pode ajudar a taxa de câmbio do euro novamente. Assim, a moeda comum europeia poderia voltar a ser cotada a 1,10 dólar, ou até mais.
Euro x dólar
O que define o valor de uma moeda, na prática, é a oferta e a demanda. Embora exista a teoria de Fischer, que calcula o preço justo de uma moeda a partir do diferencial da taxa de juros e da inflação, a maior quantidade de dólar no mercado puxa o valor do câmbio americano para baixo.
"Pode parecer uma resposta simples, mas não há escapatória. Os Estados Unidos têm uma quantidade de moeda muito grande no mercado, o que aumenta sua liquidez e deixa a moeda mais barata", explicou ao UOL Daniel Abrahão, sócio da iHUB Investimentos, em entrevista em março.
O dólar, por se tratar de uma moeda usada como padrão em contratos internacionais, acaba tendo muito mais oferta no mercado que o euro. Além disso, o câmbio americano é usado como reserva internacional em bancos centrais de todo o mundo.
De acordo com levantamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado em maio de 2021, o dólar representa 59% das reservas internacionais de outros países. O euro, desde sua criação, tem flutuado em torno de 20%.
*Com informações da DW e AFP.
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