Euro x dólar: o que define o valor e por que a moeda europeia é mais cara?
Usado como referência para contratos internacionais, o dólar não é a moeda mais cara do mundo. O euro e a libra esterlina (do Reino Unido), por exemplo, têm cotações maiores. De acordo com dados de quarta-feira (30), com US$ 1 você tem cerca de 0,90 euro ou 0,76 libra.
O que define o valor de uma moeda, na prática, é a oferta e a demanda.
Embora exista a teoria de Fischer, que calcula o preço justo de uma moeda a partir do diferencial da taxa de juros e da inflação, a maior quantidade de dólar no mercado puxa o valor do câmbio americano para baixo.
"Pode parecer uma resposta simples, mas não há escapatória. Os Estados Unidos têm uma quantidade de moeda muito grande no mercado, o que aumenta sua liquidez e deixa a moeda mais barata", diz Daniel Abrahão, sócio da iHUB Investimentos.
O dólar, por se tratar de uma moeda usada como padrão em contratos internacionais, acaba tendo muito mais oferta no mercado que o euro. Além disso, o câmbio americano é usado como reserva internacional em bancos centrais de todo o mundo.
De acordo com levantamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado em maio de 2021, o dólar representa 59% das reservas internacionais de outros países. O euro, desde sua criação, tem flutuado em torno de 20%.
Competição com a libra
O euro foi lançado em 1º de janeiro de 1999 e, durante os três primeiros anos, era usado só para fazer transações entre instituições financeiras da Europa. A circulação de moedas e notas começou em 2002.
"Diferentemente do dólar, o euro foi criado para atender a demanda de diversos países. Até por você ter uma política monetária diferente em cada país, para a formação do bloco europeu, foi criada uma moeda forte, que fosse capaz de competir com a libra esterlina", explica Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
Uma das economias mais fortes da União Europeia, o Reino Unido optou em 1992 por ficar de fora da zona do euro e não adotou uma moeda em comum com os outros países do bloco.
"Naquele momento de formação do euro e do Banco Central Europeu, eles usaram o padrão mais elevado para conseguir ter uma paridade com a Inglaterra", afirma o economista.
Como a libra esterlina é uma moeda de maior valor em comparação com o dólar, o euro então acabou se tornando também um ativo mais valorizado que o câmbio americano.
Garantia do bloco
Desde 1971, quando os Estados Unidos passaram por uma crise, o então presidente Richard Nixon declarou o fim da paridade entre o dólar e o ouro. Pela primeira vez na história global, uma economia passou a ser baseada predominantemente em uma moeda sem lastro.
Isto é, o ouro deixou de ser garantidor, e o valor do dólar passou a ser definido pela confiança no governo norte-americano e pelo Tesouro Nacional.
"Hoje, o que é a garantia de uma moeda? O país. O investidor sempre olha se ele está endividado, se tem reservas financeiras, se é um país sério. A expectativa sobre um país vai se traduzir no valor de sua moeda", explica Abrahão.
O euro funciona de forma similar, sendo o Banco Central Europeu (BCE) o garantidor do valor da moeda europeia, assim como a confiança na economia da zona do euro.
Da mesma forma, o Banco Central Europeu hoje é o garantidor do valor da moeda europeia, assim como a confiança na economia da zona do euro. A instituição financeira é responsável por emitir notas físicas, administrar as divisas que cada país deposita nele e preservar o poder de compra da moeda europeia.
O euro pode valer menos que o dólar?
Segundo os economistas, existem diversos motivos que podem fazer com que o valor do euro flutue para baixo e sua cotação atinja patamares menores que o dólar.
"A União Europeia pode fazer algo que não seja vantajoso para a moeda. Por exemplo, quando o bloco foi socorrer a Grécia, injetando um caminhão de dinheiro, isso fez o valor do euro cair", declara Abrahão.
"O bloco europeu está com uma expectativa baixa de crescimento por um longo período. Se você gerar mais turbulência entre os países do bloco, é capaz de desvalorizar a moeda", afirma Velloni.
"Além disso, há uma pressão inflacionária na parte dos combustíveis devido à crise com a Rússia, e [o euro] só não se desvalorizou em relação ao dólar porque nos EUA também há uma pressão inflacionária acentuada."
O euro já chegou a valer menos que o dólar, nos seus primeiros anos de implantação —quando ainda não circulava como moeda física. A cotação de 1 euro chegou a ser de US$ 0,82.
No entanto, desde 2002, o câmbio europeu tem sido mais caro que a moeda americana, chegando à cotação máxima de US$ 1,60 em 18 julho de 2008.
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