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Mesmo com inflação e pobreza, presidente da Caixa diz que país vai bem

A presidente da Caixa, Daniella Marques, participou da Expert XP - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
A presidente da Caixa, Daniella Marques, participou da Expert XP Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Giuliana Saringer

Do UOL, em São Paulo

03/08/2022 17h20

Apesar de o Brasil registrar inflação e juros acima de 10% e aumento da pobreza e da fome, a presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, afirmou hoje que o Brasil está indo bem, e elogiou o ministro da Economia, Paulo Guedes, seu chefe até ela assumir a direção do banco. A executiva, que falou na Expert XP, evento do grupo XP em São Paulo, foi sócia do ministro no mercado financeiro e saiu junto com ele para embarcar no governo Jair Bolsonaro (PL). Ela também reclamou de pessoas que "torcem contra" o país.

"Acho que o Brasil está indo bem. Tivemos um teste de resiliência tão grande [pela pandemia]. Parece que tem muita gente torcendo contra o Brasil", disse.

De acordo com o Mapa da Nova Pobreza, elaborado pela FGV, 9,6 milhões de pessoas entraram na linha de pobreza em 2021 no Brasil. Com isso, o país alcançou a marca de 62,9 brasileiros com renda mensal de até R$ 497 para cada pessoa da família. Trata-se do maior patamar de pessoas em situação de pobreza desde o início da série histórica em 2012.

O país enfrenta inflação acumulada de 11,89% nos últimos 12 meses até junho, tem 10,1 milhões de desempregados e a taxa básica de juros, a Selic, passa de 13%.

Elogios ao ex-chefe

Marques afirmou que, durante a pandemia, o ministro Paulo Guedes precisou "virar a estratégia econômica do avesso" e que foi um "privilégio o Brasil ter um ministro como Guedes" durante o período.

Ela também negou que tenha havido irresponsabilidade fiscal do governo, apesar de Bolsonaro ter manobrado para furar o teto de gastos em um ano em que tenta reeleição.

A medida mais recente foi a PEC dos Auxílios, que aumentou o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, suplicou o vale-gás e criou benefícios para caminhoneiros e taxistas. Todas as medidas só vale até o final deste ano eleitoral. O custo aos cofres públicos é de R$ 41,25 bilhões. Para conseguir fazer os pagamentos às vésperas da eleição, o governo usou como mecanismo uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para contornar a desobediência à lei eleitoral, e criou um estado de emergência, permitindo as despesas fora do teto de gastos.

"As medidas emergenciais foram feitas com responsabilidade fiscal. Não consigo nem entender quando se fala de populismo fiscal ou kamikaze. Tudo foi feito preservando a meta", afirma Marques.

Denúncias envolvendo a Caixa

Marques assumiu o cargo depois da renúncia de Pedro Guimarães, que deixou o cargo após denúncias de assédio sexual.

No evento da XP, ela disse que, desde o primeiro dia, fez uma série de reuniões para controlar a crise envolvendo a instituição.

"Tenho que proteger as pessoas que estão envolvidas nesse processo por meio de uma governança sólida, que dê segurança a todos os envolvidos", afirmou.

Foco em mulheres e pequenos empreendedores

A presidente do banco afirmou que a Caixa é o banco da habitação e que quer focar cada vez mais na atuação para micro e pequenas empresas.

"Quero ser o banco do pequeno e do micro empreendedor, focando na formalização do cidadão", afirma.

Ela defendeu que o empreendedorismo é a ferramenta de transformação social, ecoando declarações feitas mais cedo, também no evento, pelo fundador da XP, Guilherme Benchimol.

Marques afirmou também que a Caixa deve focar em produtos e serviços financeiros para mulheres.

"Vocação não tem a ver com gênero, raça ou qualquer outra coisa, mas há de se reconhecer que pessoas partem de estágios de privilégios diferentes", afirmou.

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Tradutor: Mesmo com inflação e pobreza, presidente da Caixa diz que país vai bem