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Risco do Brasil é grande sem ajuste fiscal, diz economista do Banco Mundial

Carmen Rein­hart, economista-chefe do Banco Mundial - Greg Beadle/Fórum Econômico Mundial
Carmen Rein­hart, economista-chefe do Banco Mundial Imagem: Greg Beadle/Fórum Econômico Mundial

Do UOL, em São Paulo

12/08/2022 09h28

Em um contexto de crise global desencadeada pela inflação galopante em países europeus e nos Estados Unidos, além dos impactos da guerra da Ucrânia e da pandemia de covid-19, a situação do Brasil não está fora do radar da economista-chefe do Banco Mundial, Carmen Rein­hart, que alerta: "É grande o risco se o governo atrasar o ajuste fiscal".

Em entrevista concedida à revista Veja, publicada hoje, Reinhart avalia que, embora o Brasil faça parte dos países que se beneficiam com o boom de commodities temporário — "o que pode ajudar na situação fiscal" —, o cenário do futuro é pessimista e não será favorável para nenhuma nação.

"Nem os importadores, nem os exportadores vão se beneficiar das condições financeiras internacionais mais restritivas do futuro. A situação vai ficar feia, e vai afetar o Brasil também", disse a economista, que voltou sua análise ao risco fiscal do país.

"É grande o risco se o governo atrasar o ajuste fiscal. Mesmo que não houvesse a questão das eleições, o boom dos preços de commodities estimula os governos a atender as demandas por mais gastos. A alta das exportações faz a situação fiscal parecer melhor, mas o ajuste das contas públicas é fundamental", declarou.

Carmen Reinhart rememorou o "alto nível de endividamento" histórico do país e a vulnerabilidade "a mudanças das condições de mercados financeiros" como pontos de alerta para os gastos públicos — e o consequente aumento do risco fiscal — agora.

No recorte global, a economista afirma que os impactos mais preocupantes da somatória de crises são os sentidos pelo aprendizado infantil em decorrência das escolas fechadas na pandemia.

"Segundo a nossa análise no banco, à medida que as crianças forem para a força de trabalho, haverá consequências muito preo­cupantes de médio e longo prazo", afirmou.