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Por que preço do diesel não baixa mais, mesmo com queda no petróleo?

Foto: Volvo Trucks | Divulgação
Imagem: Foto: Volvo Trucks | Divulgação

Vinicius Silva

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/09/2022 04h00

O preço do barril de petróleo tem caído a níveis de antes da guerra da Ucrânia, mas isso não está acontecendo com o diesel, que era vendido a R$ 5,59 antes do conflito, e agora está em R$ 6,93 (24% a mais), segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Por que isso acontece?

Qual a importância do diesel? Seu preço se reflete em toda a economia, mais que a gasolina, pois pressiona bastante a inflação. O combustível é muito utilizado nos transportes, principalmente nos caminhões, que levam alimentos e outros produtos de consumo. O frete alto é repassado para os consumidores no fim das contas.

Por que a gasolina caiu mais? Segundo especialistas consultados pelo UOL, o preço do litro do diesel não acompanhou a queda da gasolina porque a redução de impostos não teve um impacto grande nele. O diesel já tinha uma alíquota menor do que a da gasolina.

O teto do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para combustíveis ficou em 18%. A gasolina tinha um ICMS maior em muitos estados, diz Filipe Ferreira, diretor da empresa de informações financeiras Comdinheiro.

Por exemplo, a alíquota da gasolina em São Paulo era de 25% e passou para 18%, e isso fez reduzir bem o preço da gasolina para o consumidor. Mas o imposto do diesel era de 13,3%, já abaixo do limite de 18%. Por isso, não houve impacto nos postos.

O tipo de uso interfere nos preços? O uso do diesel é diferente do da gasolina. Ela é utilizada por pessoas para transporte individual, como nos carros. O diesel tem um foco mais comercial, empregado em caminhões para transporte ou na indústria.

"O diesel possui uma dinâmica específica no preço. Ele é mais importante que a gasolina e, por isso, há uma diferença de demanda e do comércio dele em relação à gasolina. Com a guerra, houve também uma mudança nesse comércio, com a Europa aplicando sanções à Rússia e se voltando ao mercado americano", afirmou Carla Ferreira, pesquisadora do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

"Esse aumento de demanda fez com que o preço do mercado nos EUA subisse, elevando o preço no mundo todo", declarou.

Há alternativas para o diesel? Segundo Filipe Ferreira, a gasolina é importante, mas as pessoas dão um jeito de substituir o carro. Podem rodar menos e usar transporte público. No caso do diesel, é mais difícil, porque o caminhoneiro, as indústrias ou as termelétricas precisam dele para trabalhar ou funcionar.