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'Pago menos imposto que um operador de caixa da empresa', diz CEO da Petz

Sergio Zimerman, CEO da empresa Petz - Divulgação, Petz
Sergio Zimerman, CEO da empresa Petz Imagem: Divulgação, Petz

Colaboração para o UOL, em Salvador

07/11/2022 15h04

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o fundador e CEO da Petz, o empresário Sergio Zimerman, destacou a necessidade de uma reforma tributária no país como ferramenta de justiça social, para além dos programas sociais de distribuição de renda. À reportagem, publicada hoje, Zimerman disse que "paga menos imposto que um operador de caixa da sua empresa", que atualmente é uma dos maiores do setor de petshop do Brasil.

Apesar de afirmar que vê um novo governo como uma "esperança renovada", Zimerman reforçou sua preocupação com a visão de uma parte significativa dos políticos em relação ao problema da desigualdade social. Segundo ele, a maioria deles pensa em resolver o problema "por meio de programas sociais ou por um estado gigante, com muito assistencialismo e somente isso".

"Algum grau de assistencialismo é necessário, principalmente para as pessoas que estão abaixo da linha da pobreza. No entanto, para realmente interferir na desigualdade e promover oportunidades de elevar a condição de vida das pessoas de uma forma estruturada, para mim, a mãe de todas as reformas é a tributária", completou.

"Eu, como CEO da companhia, pago menos imposto do que um operador de caixa da minha empresa. Isso é uma vergonha. Não acho que um país pode dar certo com esse tipo de mentalidade.[...] Fico preocupado quando vejo todas as propostas de reforma que foram discutidas até o momento. Vejo que nenhuma toca no assunto mais central, que é essa brutal concentração de renda", disse o empresário.

O empresário destacou, ainda, que tem "renovadas esperanças" com o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele acredita que o petista terá "a visão correta de como empoderar os mais pobres, como fazer justiça de distribuição de renda com a mentalidade correta".

"No Brasil, há uma média de 50% de impostos sobre os bens consumidos que não se verifica no resto do mundo. No resto do mundo, a média é de 20%. Isso dá a dimensão de como quem tem menos recursos paga mais impostos [pois quanto menos recursos se tem, mais eles são destinados ao consumo]", disse.

Zimerman também falou sobre a possibilidade de uma reforma tributária ser mal vista entre o empresariado. Segundo ele, "o empresário que tem consciência, não pode imaginar que tributar dividendos seja uma coisa equivocada". "Da mesma forma, se por um lado o Brasil não tributa dividendos, por outro, o imposto sobre o lucro das empresas é o imposto mais alto do mundo", completou.

Por fim, o CEO da Petz nega que tenha um nome de preferência para assumir o ministério da Fazenda. "Prefiro apostar na defesa de uma ideia e apoiar qualquer um que compactue com isso e saiba respeitar o empresariado e suas reivindicações justas, sem se curvar à miopia de alguns empresários que acham que distribuição de renda é assunto de comunismo. Essa é uma visão míope. Acredito nisso como cidadão, mas também como empresário. Minha companhia será mais forte, à medida que a sociedade for mais forte. Quanto mais renda houver no Brasil, mais lojas eu vou abrir", concluiu.